Celebração com Fogos de Artifício

O dinheiro caiu na minha conta ao anoitecer. Dois milhões de dólares—o preço da minha dignidade, segundo Alistair. Meu telefone vibrou com uma notificação da transferência concluída enquanto eu terminava o jantar.

"Pelo menos ele é pontual com seus pagamentos de traição," murmurei para mim mesma, pousando o garfo.

Abri meu laptop e acessei o site da loja de fogos de artifício mais exclusiva da cidade. Aquela que fornecia celebrações para celebridades e milionários. Aquela que prometia entrega no mesmo dia para clientes premium.

Meu dedo pairou sobre o botão "adicionar ao carrinho" ao lado de um pacote de estalinhos para ambientes fechados. O tipo projetado para apresentações de palco e pequenas celebrações. O tipo que criava mais barulho e fumaça do que fogo de verdade.

Perfeito.

Por volta das dez horas daquela noite, um pacote discreto chegou à minha porta. Assinei o recebimento com um sorriso que fez o entregador recuar nervosamente.

"Ocasião especial?" ele perguntou.

"Pode-se dizer que sim." Coloquei o pacote debaixo do braço. "É uma... celebração, digamos assim."

Dormi melhor naquela noite do que havia dormido em dias, sonhando com fumaça, caos e justiça.

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A manhã chegou com uma ligação do meu pai. Considerei ignorá-la, mas decidi que atender seria mais satisfatório. Deixe-o ouvir a nova Hazel—aquela que não se importava mais com sua aprovação.

"O que você quer?" atendi, sem me preocupar com formalidades.

"É assim que você fala com seu pai?" A voz de Harold Shaw trovejou pelo alto-falante.

Eu ri. "Pai? Esse é um título generoso para alguém que me tratou como lixo desde que a Mãe morreu."

"Cuidado com seu tom, mocinha. Eu soube do seu esquema de extorsão com Alistair."

Claro que ele soube. A rede de fofocas da família funcionava na velocidade da luz quando se tratava de me pintar como a vilã.

"Extorsão?" Mantive minha voz leve enquanto selecionava minha roupa para a visita ao hospital. "Eu simplesmente estabeleci um preço justo pelos meus pertences. Capitalismo básico, Pai. Pensei que você aprovaria."

"Sua irmã está morrendo, e você está cobrando do noivo dela por joias de casamento? Você não tem vergonha?"

Fiz uma pausa, a raiva esquentando meu sangue. "Vergonha? Você quer falar de vergonha? Vamos discutir como você traiu minha mãe. Vamos falar sobre como você deixou sua nova esposa e a filha dela me torturarem por anos. Vamos falar DESSA vergonha, Pai."

"Sua ingrata—"

"Poupe-me," interrompi. "Cansei de ser seu saco de pancadas. A Ivy quer minha vida? Tudo bem. Mas isso tem um preço."

"Veremos quão arrogante você ficará quando for excluída do testamento," ele ameaçou.

Ri novamente, desta vez genuinamente divertida. "Que testamento? Você está falido há anos. A única coisa que o mantém à tona é o dinheiro da família da Tanya, e nós dois sabemos que isso está se esgotando rapidamente."

Sua raiva borbulhante foi interrompida quando encerrei a ligação. Joguei meu telefone na cama e terminei de me vestir. Um vestido preto elegante. Sapatilhas confortáveis para uma saída rápida. Cabelo puxado para trás em um rabo de cavalo severo.

E guardada na minha bolsa de grife, minha entrega especial da noite anterior.

Hora de fazer uma visita à querida irmã Ivy.

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Os corredores imaculados do hospital fediam a desinfetante e desespero. Dirigi-me à ala privativa onde ficava o quarto de Ivy, a caixa de joias pesada na minha bolsa ao lado do pacote de estalinhos.

Ao me aproximar do quarto dela, ouvi vozes abafadas. Diminuí meus passos, curiosa.

"Não é justo!" A voz de Tanya atravessava a porta entreaberta. "Por que ela? Por que minha linda filha? Deus deveria ter levado aquela ingrata da Hazel em vez dela!"

Congelei, minha mão agarrando o batente da porta.

"Se Hazel tivesse morrido, ninguém sentiria falta dela. Ela não tem ninguém que a ame. Mas minha Ivy—minha Ivy perfeita e doce—tem tudo para viver!"

Meu coração martelava contra minhas costelas. Seis anos aceitando a crueldade deles. Seis anos virando a outra face. Seis anos sendo a pessoa mais madura.

Não mais.

Empurrei a porta com força suficiente para fazê-la bater contra a parede. O quarto ficou em silêncio. Todas as cabeças se viraram para mim.

Tanya estava ao lado da cama de Ivy, lágrimas escorrendo pelo rosto excessivamente maquiado. Meu pai estava sentado em uma cadeira perto da janela, parecendo exausto e velho. Alistair pairava perto do pé da cama, sua expressão mudando de surpresa para alarme quando viu meu rosto.

E ali na cama do hospital, apoiada em travesseiros como uma princesa moribunda, estava Ivy. Sua pele estava pálida, seu cabelo meticulosamente estilizado apesar de sua suposta fraqueza. Ela usava uma maquiagem completa.

"Hazel," Alistair deu um passo à frente. "Não esperava você tão cedo."

Ignorei-o, meus olhos fixos em Tanya. "Você deseja que eu tivesse morrido no lugar da sua preciosa filha? Fascinante. E eu pensando que madrastas como você só existiam em contos de fadas."

O rosto de Tanya corou. "Você não deveria ter ouvido isso."

"Claramente," respondi, avançando mais para dentro do quarto. "Mas estou tão feliz por ter ouvido. Isso nos poupa de toda a farsa."

"Hazel," meu pai advertiu, levantando-se da cadeira. "Este não é o lugar."

"Pelo contrário," abri minha bolsa. "Este é exatamente o lugar. Um hospital é onde as pessoas vão para se curar ou morrer. Hoje, o que morre é a ilusão de que continuarei sendo o capacho da sua família."

Tirei a caixa de joias e joguei-a sobre a cama. "Aí está, Ivy. Mais um pedaço da minha vida para sua coleção. Espero que você goste de usá-la pelo breve tempo que lhe resta."

O rosto de Ivy se contorceu de raiva. "Sua vadia sem coração—"

"Poupe-me," interrompi-a, alcançando novamente minha bolsa. "Trouxe outra coisa. Um presente de casamento, digamos assim."

Antes que alguém pudesse me impedir, puxei os estalinhos. As longas cordas de cilindros vermelhos de papel pendiam da minha mão.

"O que você está fazendo?" Alistair perguntou, sua voz subindo em pânico.

Sorri docemente. "Celebrando minha liberdade."

Acendi o iniciador com a unha do polegar e joguei a primeira corda diretamente aos pés de Alistair.

O efeito foi instantâneo e glorioso.

CRACK-CRACK-CRACK-CRACK!

Os estalinhos explodiram em uma série ensurdecedora, enchendo o quarto de fumaça e caos. Alistair pulou para trás, gritando. Meu pai berrou. Tanya gritou. Ivy começou a dar ordens estridentes que ninguém conseguia ouvir por causa do barulho.

Acendi uma segunda corda e joguei-a em direção à janela onde meu pai estava. Outra série de explosões ensurdecedoras, outra nuvem de fumaça.

O alarme de incêndio do hospital começou a soar. Em segundos, o sistema de sprinklers foi ativado, enviando água em cascata sobre todos no quarto.

Todos, exceto eu, ainda em pé em segurança na porta.

A água encharcou o cabelo perfeitamente estilizado de Ivy, fazendo sua maquiagem escorrer em listras pretas pelo rosto. O traje de grife de Tanya grudou nela como um pano molhado. O terno caro do meu pai escureceu com a água. E Alistair—ah, Alistair parecia um rato afogado, olhando para mim com uma mistura de choque e descrença.

"Você está louca?" ele gritou sobre o alarme.

Sorri calmamente, ainda seca na porta. "Não. Pela primeira vez em anos, estou perfeitamente sã."

O corredor atrás de mim encheu-se de funcionários do hospital e guardas de segurança correndo freneticamente em direção à comoção. Pacientes e visitantes espiavam das portas, assistindo ao espetáculo.

Minha família ficou encharcada e humilhada no centro do quarto de hospital de Ivy, exposta para todos verem.

"Aproveitem o casamento," eu disse, recuando para o corredor. "Dizem que casamentos molhados trazem boa sorte."

Quando me virei para sair, avistei alguém observando do corredor. Um homem alto em um terno caro, observando a cena com intenso interesse. Nossos olhos se encontraram brevemente antes que ele desaparecesse ao virar uma esquina.

Eu não sabia naquele momento, mas aquela não seria a última vez que o veria.