Meu Casamento, O Dia Dela

O caos de fogos de artifício e sprinklers havia transformado a ala do hospital em uma zona de desastre. Enfermeiras correram para o quarto inundado de Ivy, suas expressões alternando entre preocupação e diversão mal disfarçada enquanto observavam os ocupantes encharcados.

"Foi ela quem fez isso!" Tanya gritou, apontando um dedo pingando para mim. Sua máscara escorria em rios negros pelas bochechas. "Prendam-na imediatamente!"

O segurança que havia aparecido parecia incerto. "Senhora, precisamos remover a paciente primeiro—"

"Não me importo! Aquela mulher acabou de atacar minha filha!" A voz de Tanya subiu a um tom que fez todos estremecerem.

O médico que entrou apressadamente deu uma olhada na situação e assumiu o controle. "Esta paciente precisa ser transferida. Agora." Ele se virou para minha madrasta. "Senhora Turner, por favor, afaste-se e deixe-nos fazer nosso trabalho."

Eu me apoiei no batente da porta, observando o espetáculo com fria satisfação. A camisola hospitalar de Ivy grudava em seu corpo magro enquanto as enfermeiras rapidamente desconectavam seu soro e monitores. Para uma mulher supostamente à beira da morte, ela tinha uma energia notável para xingar e exigir que eu fosse punida.

"Senhorita, você precisará deixar as instalações," um segurança me disse com firmeza.

Sorri docemente. "Claro. Só preciso falar com minha irmã quando ela estiver acomodada. Assuntos de família."

Ele pareceu cético, mas estava ocupado demais com a evacuação para argumentar mais.

Segui a uma certa distância enquanto levavam Ivy para um quarto seco no final do corredor, com Alistair e minha família seguindo atrás como cachorrinhos molhados e miseráveis. A caixa de joias que eu havia trazido ficou esquecida no chão molhado do quarto original. Peguei-a e coloquei de volta na minha bolsa.

Vinte minutos depois, Ivy estava instalada em um novo quarto, conectada a novas máquinas. Seu cabelo pendia em mechas molhadas ao redor do rosto, fazendo-a parecer genuinamente doente pela primeira vez.

Entrei sem bater.

"Sua psicopata!" Ivy sibilou quando me viu. "Você poderia ter me matado!"

"Com fogos de artifício?" Levantei uma sobrancelha. "Por favor. Nem eram do tipo perigoso."

Alistair deu um passo à frente, água ainda pingando de sua camisa cara. "Hazel, isso foi completamente inapropriado. Se você veio para se desculpar—"

"Me desculpar?" Eu ri, o som afiado o suficiente para fazê-lo recuar. "Vim entregar o que vocês pagaram."

Tirei a caixa de joias e coloquei-a na bandeja da cama de Ivy. "Sua compra de dois milhões de dólares. Aproveite."

Ivy olhou para a caixa, depois de volta para mim. Algo mudou em sua expressão – a máscara da vítima moribunda caiu, revelando a criatura calculista por baixo. "Obrigada, querida irmã. Que atencioso da sua parte entregá-la pessoalmente."

"Eu não perderia este momento por nada no mundo." Sorri, todos os dentes e nenhum calor. "Parabéns por conseguir seu último desejo. Você sempre quis o que era meu, e agora tem – meu noivo, minhas joias..." Fiz um gesto para Alistair, que teve a decência de parecer envergonhado.

"Hazel, isso não é justo," a voz de Ivy tornou-se suave, treinada em sua fragilidade. "Nunca quis te machucar. Simplesmente... aconteceu. Quando os médicos me disseram que eu tinha meses de vida, Alistair foi tão gentil comigo—"

"Poupe-me da atuação," interrompi. "Nós duas sabemos exatamente o que você é."

Meu pai e Tanya irromperam no quarto, tendo trocado para roupas secas vindas de algum lugar. O rosto de Harold estava trovejante.

"Como ousa mostrar seu rosto aqui depois do que fez!" ele berrou.

Virei-me para encará-lo, sem vacilar. "Olá para você também, Pai. Eu estava apenas entregando as joias do casamento, como prometido."

"Você poderia ser presa por essa travessura!" Tanya cuspiu.

"Por fogos de artifício em ambiente fechado?" Dei de ombros. "São legais. Apenas barulhentos."

"Você deliberadamente acionou os sprinklers," Harold rosnou.

"Isso foi um efeito colateral infeliz." Examinei minhas unhas. "Não é minha culpa se o hospital tem detecção de incêndio sensível."

Alistair esfregou as têmporas. "Hazel, por favor. Isso não está ajudando ninguém."

Ignorei-o, voltando-me para Ivy. "Então, quando é o casamento? Você deve estar com pressa, dado seu... prazo."

Os cantos da boca de Ivy curvaram-se em um sorriso presunçoso. "Neste sábado, na verdade."

Congelei. "Este sábado?"

"Sim," ela assentiu, olhos brilhando de triunfo. "Estamos usando todos os arranjos que você fez. Mesmo local, mesmas flores, tudo igual. Seria uma pena desperdiçar quando me resta tão pouco tempo."

O quarto girou levemente. Sábado. Meu dia de casamento. O dia que eu havia planejado por mais de um ano. Eles estavam roubando não apenas meu noivo, mas meu casamento inteiro.

"O Garden Plaza? Minhas flores? Meu menu?" Cada pergunta parecia vidro em minha garganta.

"Já está tudo pago," Alistair interveio, como se isso explicasse tudo. "Parece lógico usar os arranjos já que eles já estão prontos."

Olhei para ele, sem palavras. Seis anos juntos, e isso era o que ele havia se tornado – um homem fraco justificando o injustificável.

"Pense nisso como seu presente para sua irmã," ele acrescentou, realmente acreditando que isso poderia me apaziguar.

Algo se quebrou dentro de mim então – não meu coração, que já estava despedaçado, mas qualquer senso de contenção restante que eu tinha.

"Meu presente?" Repeti, minha voz perigosamente baixa. "Vocês estão pegando meu casamento – aquele que planejei para nós, aquele com que sonhei por anos – e dando para ela, e você chama isso de MEU PRESENTE?"

Alistair se mexeu desconfortavelmente. "Quando você coloca dessa forma—"

"De que outra forma eu deveria colocar?" Exigi. "Vocês estão literalmente pegando o dia mais feliz da minha vida e dando para a pessoa que me fez miserável desde que entrou na minha vida."

"Ela está morrendo, Hazel," meu pai disparou. "Tenha alguma compaixão."

"Compaixão?" Ri amargamente. "Onde estava sua compaixão quando Mãe estava morrendo? Onde estava sua compaixão todos aqueles anos em que Ivy e Tanya me atormentaram? Onde estava a compaixão de ALGUÉM por mim?"

O quarto ficou em silêncio. Até mesmo Ivy pareceu momentaneamente surpresa com a dor crua em minha voz.

"A comida, o bolo, o local – são apenas coisas," Alistair disse suavemente. "Elas não importam."

"Então por que pegá-las?" Desafiei. "Se elas não importam, por que não planejar seu próprio casamento?"

"Não há tempo," Ivy sussurrou, agarrando dramaticamente a mão de Alistair. "Os médicos dizem que posso não chegar ao próximo mês."

Olhei ao redor do quarto – para a postura defensiva do meu pai, a expressão presunçosa de Tanya, a vulnerabilidade calculada de Ivy e a tentativa patética de racionalização de Alistair. Todos eram cúmplices nesta crueldade, e todos achavam que estavam justificados.

"Então o que é isso?" Finalmente perguntei, com os punhos cerrados ao meu lado. "Mantendo na família?"