O Presente de Casamento de um Traidor

"Acho que o mínimo que você poderia fazer é ceder seu local de casamento," a voz estridente de Tanya cortou o quarto do hospital. "Afinal, Ivy pode não ter outra chance de experimentar um lindo dia de casamento."

Minha risada foi fria e cortante, assustando a todos. "Claro, por que não? Vou dar a ela meu local de casamento. E como um presente de casamento especial, vou incluir um caixão tradicional. Sabe, para manter as coisas práticas."

O quarto ficou em silêncio. O rosto de Tanya se contorceu de raiva enquanto os olhos de Ivy se arregalaram de choque.

"Sua ingrata—" Meu pai avançou repentinamente, com a mão levantada.

Eu não recuei. Eu tinha visto isso chegando desde que eu tinha doze anos.

Mas o golpe nunca atingiu.

Alistair pulou entre nós, recebendo o tapa em seu rosto com um estalo agudo. A marca vermelha floresceu instantaneamente em sua bochecha.

"Harold, por favor," ele disse, com a voz tremendo. "Somos todos família aqui."

Família? Aquela palavra foi a gota d'água.

"Família?" cuspi. "É isso que somos agora? Uma feliz familiazinha onde meu noivo se casa com minha meia-irmã usando meu vestido de noiva no local do meu casamento? Que comovente."

Virei-me para sair, incapaz de suportar a visão deles por mais um segundo.

"Hazel, espere." Alistair agarrou meu pulso, seu aperto apertado e desesperado. "Por favor, tente entender—"

O som da minha palma atingindo seu rosto ecoou pela sala. Sua cabeça virou para o lado, uma perfeita marca vermelha de mão se formando onde a minha havia pousado.

"Não ouse me tocar novamente," eu disse, minha voz mortalmente calma. "Você perdeu esse direito no momento em que decidiu se casar com ela."

Puxei meu braço e endireitei os ombros. "Aproveite seu casamento emprestado. Espero que o vestido não fique muito apertado nela — ouvi dizer que inchaço é comum nos estágios finais."

Tanya ofegou. Ivy fez um som estrangulado. Meu pai começou a vir em minha direção novamente, mas Alistair o segurou.

Saí sem olhar para trás, meus saltos batendo nitidamente contra o piso do hospital. O som era satisfatório — forte, determinado, nada parecido com a mulher despedaçada que eu me sentia por dentro.

Lá fora, engoli o ar fresco, lutando contra a náusea crescente. Meu telefone vibrou na minha bolsa. Uma mensagem de Vera: "No Bistro Rouge esperando por você. Já matou alguém?"

Quase sorri. Doce e leal Vera. Ela tinha insistido em me encontrar para almoçar depois que eu disse que iria confrontar Alistair no hospital. "Você vai precisar de um álibi ou de uma motorista de fuga," ela declarou.

Vinte minutos depois, deslizei para a mesa em frente a ela no restaurante sofisticado que frequentávamos.

"Meu Deus," Vera disse imediatamente. "Seu rosto está branco como papel. O que aconteceu? Precisamos esconder um corpo?"

Tentei responder, mas minha garganta se fechou.

Vera estendeu a mão pela mesa e apertou a minha. "Não tenha pressa."

O garçom se aproximou, e Vera o dispensou com um movimento imperioso de seus dedos manicurados. Ser herdeira de um império de restaurantes tinha suas vantagens.

"Eles estão usando meu casamento," finalmente consegui dizer. "Tudo. O local, as flores, o buffet — tudo."

"O quê?" A voz de Vera subiu abruptamente. "Seu casamento inteiro? O deste sábado?"

Assenti, olhando fixamente para a toalha de mesa imaculada. "Aparentemente seria 'uma pena desperdiçar' já que ela tem 'tão pouco tempo restante.' Essas foram as palavras exatas deles."

"Esses abutres absolutos," Vera sibilou. "E Alistair está de acordo com isso?"

"Ele sugeriu que eu pensasse nisso como meu 'presente' para Ivy." Minha risada soou vazia até para meus próprios ouvidos.

"Vou matá-lo," Vera declarou, alcançando sua bolsa. "Tenho spray de pimenta aqui em algum lugar..."

Apesar de tudo, me peguei sorrindo levemente. "Pelo menos eu dei um tapa nele. Forte. Minha marca de mão ainda estava visível quando saí."

"Essa é minha garota." Vera sorriu, recostando-se em seu assento. "Me conte tudo."

Relatei a cena no hospital, incluindo minha sugestão do caixão e a quase-briga com meu pai. A cada palavra, o nó em meu estômago afrouxava apenas uma fração.

"Então eles realmente vão seguir com isso?" Vera perguntou quando terminei. "O casamento ainda vai acontecer neste fim de semana?"

"Para ser precisa, o casamento permanece inalterado," eu disse, minha voz falhando. "Mas a noiva não sou mais eu."

Os olhos de Vera brilharam de fúria. "Isso é além de cruel, Hazel. É sádico. Eles não estão apenas roubando seu noivo — estão roubando seu dia dos sonhos."

"A pior parte?" sussurrei, finalmente permitindo que as lágrimas se acumulassem. "Parece que eles estão me apagando. Como se eu estivesse sendo substituída não apenas como esposa de Alistair, mas como pessoa. Como se eu nunca tivesse existido."

As lágrimas transbordaram então, quentes e silenciosas. Seis anos de amor e sacrifício, apagados em um instante. Seis anos de doações de sangue mantendo Alistair vivo durante sua doença. Seis anos planejando um futuro que agora pertenceria a outra pessoa.

"Você não foi apagada," Vera disse ferozmente, apertando minhas mãos sobre a mesa. "Você está bem aqui. E vai se levantar disso mais forte do que nunca."

Enxuguei minhas lágrimas com o guardanapo. "Não me sinto forte agora."

"Você deu um tapa no rosto do seu ex-noivo e ofereceu à sua meia-irmã moribunda um caixão como presente de casamento," Vera apontou. "Esse não é o comportamento de uma mulher derrotada."

Ri apesar de mim mesma, um som aquoso misturado com soluços persistentes.

"Escute-me," Vera continuou, sua voz baixa e intensa. "Eles podem levar seu casamento, mas não podem levar sua dignidade a menos que você permita. Qual é seu plano agora?"

Respirei fundo. "Ainda tenho a empresa. A Evening Gala é metade minha, e ninguém pode tirar isso de mim."

"Isso mesmo," Vera assentiu enfaticamente. "Você é uma designer brilhante, Hazel. Sua carreira está apenas começando."

"Alistair tentou me comprar com dinheiro," eu disse, a raiva borbulhando novamente. "Como se isso pudesse substituir o que ele tirou de mim."

"Homens como ele acham que tudo tem um preço," Vera zombou. "Você aceitou?"

"Não. Mas estou pensando em exigir outra coisa como compensação."

"Como o quê?"

"Controle total da Evening Gala," eu disse, a ideia se solidificando enquanto eu a expressava em voz alta. "Se ele quer tanto se casar com minha meia-irmã, ele pode pagar por isso com sua metade da empresa."

Os olhos de Vera se arregalaram, então ela abriu um sorriso lento. "Agora isso é o que eu chamo de presente de casamento. Um que beneficia você em vez deles."

Sentei-me mais ereta, minha determinação se fortalecendo. "Eles acham que podem simplesmente me apagar e seguir com suas vidas. Estão enganados."

"Então, qual é seu próximo passo?" Vera perguntou, gesticulando para o garçom trazer os cardápios.

"Vou ligar para meu advogado," eu disse, pegando meu telefone. "E vou garantir que Alistair entenda exatamente quanto sua traição vai lhe custar."