Apertei a pilha de toalhas limpas contra meu peito, apressando-me pelo corredor em direção aos campos de treinamento. Minhas mãos estavam ásperas e vermelhas depois de horas esfregando, meus joelhos doíam de limpar o chão, e minhas costas gritavam em protesto por carregar cestos pesados de roupa.
Uma semana. Foi só o que bastou para minha vida desmoronar completamente.
Uma semana desde a Caçada de Parceiros onde Julian encontrou sua companheira predestinada.
Uma semana desde que o Alfa Maxen—o homem que me criou desde os doze anos—descobriu que eu não era sua filha biológica e me expulsou de sua casa.
Uma semana me adaptando à vida como ômega—a posição mais baixa na hierarquia da alcateia.
Mantive os olhos baixos enquanto passava por um grupo de lobas no corredor. Elas riram, uma delas deliberadamente batendo em meu ombro com força suficiente para me fazer tropeçar. As toalhas caíram dos meus braços, aterrissando em um monte desorganizado no chão.
"Ops," uma delas disse com falsa preocupação. "A pequena humana caiu?"
Mordi a língua e me inclinei para recolher as toalhas, ignorando o ardor nos meus olhos. Chorar só pioraria as coisas. Eu tinha aprendido essa lição rapidamente.
"Precisa de ajuda, Hazel?" outra voz chamou, enjoativamente doce.
Meu sangue gelou. Eu conhecia aquela voz.
Selena Vance. A companheira predestinada de Julian.
Endireitei-me lentamente, agarrando as toalhas como um escudo contra meu peito. Lá estava ela em toda sua glória—alta, esguia, com cabelos negros esvoaçantes e olhos azuis penetrantes. Perfeição em forma humana, embora ela fosse tudo menos humana.
Três outras garotas a ladeavam, todas da alcateia do pai dela. A aliança entre a alcateia deles e a Montanha Azul tinha sido cimentada através da união de Selena e Julian—uma vitória política tanto quanto romântica.
"Estou bem," consegui dizer, minha voz mal passando de um sussurro. "Só estou levando estas para os campos de treinamento."
Os lábios perfeitos de Selena curvaram-se em um sorriso que nunca alcançou seus olhos. "Precisamos conversar, Hazel." Ela olhou para as toalhas em meus braços. "Coloque isso no chão. Podem esperar."
Não era um pedido. Na minha nova posição, eu não tinha o direito de recusar.
Coloquei as toalhas em um banco próximo, meu estômago se retorcendo de pavor.
Selena se aproximou, seu perfume caro me sufocando. "Você está horrível," ela observou, seus olhos percorrendo minha calça de moletom gasta e camiseta desbotada—doações do cesto de caridade da alcateia. "Embora eu suponha que isso seja adequado agora."
Suas amigas riram atrás dela.
"Você precisa de alguma coisa?" perguntei, lutando para manter minha voz firme.
"Tão impaciente," Selena repreendeu, circulando lentamente ao meu redor. "Eu só queria verificar a mais nova ômega da alcateia. Como você está se adaptando ao seu devido lugar?"
Cada palavra era uma farpa cuidadosamente colocada, projetada para ferir.
"Estou me virando," respondi, olhando diretamente para frente.
"Está mesmo?" Selena parou na minha frente, inclinando a cabeça. "Porque pelo que ouço, você ainda está causando problemas."
Minha testa franziu. "Não sei do que você está falando."
"Não se faça de idiota," ela disparou, sua fachada rachando por um momento. "Você foi vista observando Julian durante o treinamento da alcateia ontem. Encarando meu companheiro como se ainda tivesse algum direito sobre ele."
Eu não estava observando Julian—estava entregando água nos campos de treinamento. Mas negar só pioraria as coisas.
"Não vai acontecer novamente," disse baixinho.
"Você está certa sobre isso." A voz de Selena endureceu. "Porque estou estabelecendo algumas regras, e você vai segui-las." Ela levantou um dedo perfeitamente manicurado. "Primeira, você nunca mais olhará diretamente para Julian. Seus olhos ficam no chão quando ele estiver presente."
Engoli em seco, assentindo.
"Segunda," ela continuou, "você não falará com ele. Nem uma palavra. Nem um cumprimento. Nada."
Suas amigas se moveram para me cercar, formando um círculo apertado que não me deixava escapatória.
"Terceira, se ele se dirigir a você—o que não vai acontecer, porque por que ele faria isso?—você responderá apenas com 'Sim, Alfa' ou 'Não, Alfa' e então se retirará imediatamente da presença dele."
Cada regra girava a faca mais fundo. Julian e eu crescemos juntos, compartilhamos segredos, sonhos, primeiros beijos. Agora eu não podia nem olhar para ele.
"Quarta," a voz de Selena baixou ainda mais, "você vai parar de contar a todos sua história triste sobre como ele supostamente te amava."
Minha cabeça levantou-se bruscamente com isso. "O quê?"
O sorriso de Selena era venenoso. "Oh, não aja surpresa. Julian me contou tudo—como você se agarrava a ele, como você interpretou mal a gentileza básica como algo mais." Ela se inclinou para mais perto. "Ele sentia pena de você, Hazel. A patética humana que perdeu os pais e precisava de alguém para fazê-la se sentir especial."
As palavras atingiram como golpes físicos. "Isso não é verdade," sussurrei, minha voz falhando. "Estivemos juntos por anos. Ele me amava."
Selena riu, o som como vidro quebrando. "É isso que você dizia a si mesma? Que triste." Ela estendeu a mão, torcendo uma mecha do meu cabelo em seu dedo. "Julian foi muito claro sobre o que você era para ele—uma distração conveniente. Um brinquedo para passar o tempo até que ele me encontrasse."
Afastei-me do toque dela, tremendo de raiva e mágoa. "Você está mentindo."
"Estou?" Seus olhos azuis brilhavam com malícia. "Então por que ele te descartou tão facilmente? Por que ele não falou uma palavra em sua defesa desde que você foi rebaixada? Por que ele sorri toda vez que menciono como seremos felizes quando você for embora desta alcateia completamente?"
Cada pergunta era uma lâmina entre minhas costelas. Porque ela estava certa—Julian me abandonou completamente. Nem sequer olhou para mim desde aquela noite na floresta.
"Você não é nada, Hazel," Selena continuou, sua voz suavizando com falsa simpatia. "Uma humana entre lobos. A falsa filha do Alfa Maxen. O projeto de caridade de Julian." Ela recuou, limpando poeira imaginária de seus jeans de grife. "E agora, você está onde sempre pertenceu—de joelhos, servindo seus superiores."
Suas amigas riram, o som ecoando no corredor vazio.
"Agora, para minha regra final," a expressão de Selena endureceu. "Fique longe da casa da alcateia. O Alfa Maxen pode permitir que você viva nos alojamentos dos ômegas, mas você não deve pisar na casa principal a menos que seja especificamente ordenada a limpá-la. Entendido?"
A casa da alcateia tinha sido meu lar por seis anos. Agora eu estava proibida até de entrar nela.
"Entendido," sussurrei, a derrota me inundando.
"Boa menina," Selena deu tapinhas condescendentes na minha bochecha. "Ah, e se você quebrar qualquer uma dessas regras..." Seu sorriso tornou-se cruel. "Bem, digamos apenas que ômegas que não aprendem seu lugar tendem a sofrer acidentes infelizes."
A ameaça pairou no ar entre nós, clara e inconfundível.
"Nós nos entendemos?" ela perguntou, seu tom leve, mas seus olhos duros como pedra.
Assenti, não confiando na minha voz.
"Diga," ela insistiu. "Quero ouvir você reconhecer seu lugar."
Orgulho era um luxo que eu não podia mais me dar. "Eu entendo," forcei-me a dizer. "Vou seguir suas regras."
"Perfeito." O sorriso de Selena era triunfante. "Vamos, meninas. Temos coisas melhores para fazer do que perder tempo com humanas."
Ela virou-se sobre os calcanhares, suas amigas caindo em seu ritmo atrás dela. Enquanto se afastavam, ouvi uma delas perguntar: "Ela realmente foi criada como filha do Alfa? Que vergonha para ele."
"Um erro que ele corrigiu agora," Selena respondeu, alto o suficiente para eu ouvir. "Assim como Julian corrigiu seu erro com ela."
Suas risadas desapareceram quando viraram a esquina, me deixando sozinha no corredor.
O silêncio que se seguiu pressionou contra meus ouvidos como um peso físico. Minhas pernas tremiam, não mais capazes de me sustentar. Escorreguei pela parede até estar sentada no chão frio, meus braços envolvendo meus joelhos.
Selena estava dizendo a verdade? Julian realmente me via como nada além de uma distração? Um caso de caridade?
Memórias inundaram minha mente—o sorriso de Julian enquanto me puxava para perto. Suas promessas sussurradas sob a luz das estrelas. A maneira como ele me segurava, como se eu fosse algo precioso.
Tudo tinha sido uma mentira?
As lágrimas que eu estava segurando finalmente transbordaram, trilhas quentes em minhas bochechas. Eu havia perdido tudo em uma única semana—meu lar, meu status, minha família, e agora até minhas memórias estavam sendo envenenadas.
"Pare de chorar," sussurrei para mim mesma, limpando furiosamente minhas lágrimas. "Pare de ser fraca."
Mas as lágrimas não paravam. Elas vinham mais rápido agora, acompanhadas por respirações rasas e ofegantes. Meu peito estava apertado, como se uma faixa o estivesse comprimindo.
O chão de concreto estava duro sob mim, mas eu não conseguia encontrar forças para me mover. Fiquei sentada lá, roupas esquecidas ao meu lado, enquanto soluços sacudiam meu corpo.
Ninguém veio verificar se eu estava bem. Ninguém perguntou se eu estava ok.
Porque eu não era mais uma pessoa. Não para a alcateia. Eu era uma ômega—menos que um móvel, pouco mais que um fantasma.
E fantasmas não tinham permissão para ter sentimentos.
Pressionei as palmas das mãos contra meus olhos, tentando conter o fluxo de lágrimas. O que eu ia fazer? Eu não podia viver assim—tratada pior que um animal, ameaçada e degradada a cada momento.
Mas para onde eu poderia ir? Eu não tinha dinheiro, nem família fora da alcateia. O mundo humano parecia tão estranho para mim agora quanto este mundo de lobos tinha sido quando cheguei pela primeira vez.
Eu estava presa.
Uma porta se abriu em algum lugar no final do corredor, o som de vozes chegando até mim. Levantei-me rapidamente, limpando apressadamente minhas lágrimas. Ser pega chorando só convidaria mais crueldade.
Recolhi as toalhas caídas novamente, abraçando-as contra meu peito enquanto me apressava na direção oposta. Eu precisava entregá-las e depois passar para minha próxima tarefa. A ociosidade era severamente punida para os ômegas.
Mas as palavras de Selena me seguiam, ecoando em minha mente a cada passo.
*Você não é nada, Hazel.*
*Uma humana entre lobos.*
*A falsa filha do Alfa Maxen.*
*O projeto de caridade de Julian.*
Cada uma golpeava mais forte que a anterior, destruindo o pouco que restava da minha autoestima.
Quando cheguei aos campos de treinamento, minhas lágrimas haviam secado, deixando meu rosto rígido e meus olhos ardendo. Mas por dentro, algo estava se quebrando—os últimos frágeis fios de esperança que me mantiveram seguindo em frente durante esta última semana.
Coloquei as toalhas na área designada e virei-me para sair, mantendo meus olhos baixos como havia sido instruída.
Um grupo de guerreiros entrou na área de treinamento, Julian entre eles. Meu coração deu um solavanco doloroso no peito. Sem pensar, olhei para cima, encontrando seu olhar por um breve momento.
Ele desviou o olhar imediatamente, como se não pudesse suportar a visão de mim.
As regras de Selena ecoaram na minha cabeça, junto com suas ameaças. Baixei o olhar rapidamente, mas o dano estava feito. Eu havia olhado para ele, e agora enfrentaria as consequências.
Escapuli dos campos de treinamento, meus pés se movendo mais rápido a cada passo até que eu estava quase correndo. O medo me impulsionava para frente—medo de Selena, de punição, do que minha vida havia se tornado.
Não parei até chegar aos alojamentos dos ômegas—um edifício longo, estilo barracão, na borda do território da alcateia. Dentro, encontrei minha cama—um colchão fino sobre uma estrutura de metal, enfiado em um canto longe dos outros.
Mesmo entre os ômegas, eu era uma estranha. A ômega humana. A princesa caída.
Desabei sobre o colchão, enrolando-me em uma bola apertada enquanto novas lágrimas ameaçavam cair. Eu não choraria novamente. Não podia me dar ao luxo de mostrar fraqueza.
Mas enquanto estava deitada ali, olhando para o teto rachado, um pensamento se cristalizou em minha mente com perfeita clareza: eu não podia ficar aqui. De alguma forma, de algum jeito, eu tinha que escapar desta alcateia.
Antes que eles quebrassem mais do que apenas meu coração.