Capítulo 7 - Um Espetáculo de Sofrimento

Manhã no alojamento ômega significava a mesma rotina: acordar antes do amanhecer, vestir-se em silêncio e começar o ciclo interminável de tarefas. O cobertor de lã áspero oferecia pouco calor contra o frio que se infiltrava pelas janelas com correntes de ar. Meu corpo doía enquanto eu me levantava do colchão fino — meu novo lar na última semana.

Cada músculo protestava enquanto eu vestia minhas roupas gastas. Os hematomas nas minhas costas da chicotada da noite anterior latejavam a cada movimento. Um castigo diário por algum suposto deslize ou outro — às vezes eles nem se preocupavam mais em dar desculpas.

"Se apresse, humana." Delia, a ômega chefe, estava no pé da minha cama, braços cruzados sobre o peito. "Hoje é dia de lavanderia. E é melhor não estragar tudo como ontem."

Ontem. Quando eu acidentalmente usei sabão demais e fui forçada a lavar novamente vinte cargas enquanto ficava em pé na água gelada como punição.

"Sim, Delia," murmurei, mantendo meus olhos baixos.

Os outros ômegas já estavam saindo, cuidadosamente evitando qualquer interação comigo. Eu estava abaixo até mesmo deles — a ômega humana, a filha desonrada do Alfa. Os rumores sobre minha mãe haviam se espalhado como fogo: a companheira humana que havia traído o Alfa Maxen anos atrás. O pecado da mãe, visitado sobre a filha.

Segui os outros até as instalações de lavanderia da casa principal da alcateia — uma sala no porão cheia de máquinas de lavar e secar industriais. O ar estava denso com umidade e o cheiro forte de detergente. Minhas mãos já estavam ásperas e rachadas, mas não haveria alívio hoje.

"Separe estes," Delia instruiu, apontando para pilhas enormes de roupas sujas. "Brancos separados, coloridos separados, delicados naquele cesto. E tenha cuidado com as roupas do Alfa — um erro e você estará esfregando os banheiros com sua escova de dentes novamente."

Enquanto eu começava a separar as montanhas de roupas, minha mente vagou. Duas semanas atrás, eu estava planejando meu futuro com Jules. Tínhamos conversado sobre nosso casamento, quantos filhos teríamos, onde viveríamos quando ele se tornasse Alfa.

Jules havia me prometido tudo. Uma vida de amor, respeito, pertencimento.

Que tola eu tinha sido.

Peguei uma camisa familiar — a henley azul favorita de Jules. Aquela que ele usava quando íamos a encontros no lago. Meus dedos apertaram o tecido macio, memórias me inundando. Seu sorriso. Sua risada. A maneira como ele me beijava sob as estrelas e prometia para sempre.

"Que diabos você está fazendo?"

Assustei-me, deixando cair a camisa. Delia estava diante de mim, seu rosto contorcido de nojo.

"Nada," disse rapidamente. "Só separando."

"Você estava acariciando as roupas de Julian como uma perseguidora patética." Ela pegou a camisa do chão. "Isso vai em uma pilha separada. A Luna Selena não quer mais que suas mãos humanas imundas toquem nas coisas do companheiro dela."

Minhas bochechas queimaram de humilhação. "Eu não estava—"

"Não responda!" Delia retrucou. "Na verdade, você é necessária no alojamento principal. Ordens do Alfa."

Meu estômago afundou. O alojamento principal significava arriscar um encontro com Jules ou Selena. Depois do confronto de ontem com Selena, a última coisa que eu precisava era outro encontro.

"Para quê?" perguntei, incapaz de esconder meu pavor.

"Não é seu lugar questionar," Delia respondeu, com um toque de satisfação na voz. "Apenas vá."

Limpei minhas mãos úmidas nas calças surradas e me dirigi às escadas, coração batendo contra minhas costelas. Cada passo em direção ao alojamento principal parecia uma caminhada em direção à execução.

O ar da manhã estava fresco enquanto eu atravessava o complexo, mantendo minha cabeça baixa ao passar pelos membros da alcateia. Alguns me ignoravam completamente. Outros faziam questão de esbarrar em mim ou sussurrar alto o suficiente para eu ouvir:

"Lá vai o erro humano."

"A filha falsa do Alfa."

"O caso de caridade de Julian."

Quando cheguei ao alojamento principal, meus ombros estavam curvados e meu espírito esmagado sob o peso do desprezo deles.

O alojamento principal ficava no centro do território da alcateia — uma estrutura massiva de pedra e madeira que abrigava espaços comunitários, o escritório do Alfa e áreas de recepção formais. Uma vez eu caminhei por esses corredores de cabeça erguida. Agora eu me esgueirava pela entrada de serviço, tentando me tornar invisível.

Quando saí para o jardim central, congelei. Algo estava errado. Membros da alcateia corriam por toda parte, arrancando o jardim cuidadosamente cultivado. Os roseirais que eu havia ajudado a plantar anos atrás estavam sendo arrancados, os canteiros de flores destruídos.

"Você! Humana!"

Estremeci com a voz áspera. Beta Marcus — o segundo em comando do Alfa Maxen e um homem que uma vez me tratou com pelo menos cortesia básica — caminhou em minha direção. Sua expressão agora não continha nada além de desdém.

"Sim, Beta?" Mantive meus olhos baixos, minha voz submissa.

"Precisamos de mãos extras. O jardim está sendo redesenhado conforme as especificações da Luna Selena." Ele gesticulou para a destruição ao nosso redor. "Esses arbustos precisam ser movidos para a área de compostagem atrás da casa da alcateia."

Olhei para os enormes roseirais espinhosos sendo arrancados do chão, suas raízes emaranhadas com terra pesada. Cada um devia pesar pelo menos trinta quilos.

"Todos eles?" perguntei, incapaz de esconder meu desânimo.

Seu lábio se curvou. "Isso é um problema? Você está recusando uma ordem direta?"

"Não, Beta." Engoli em seco. "Vou começar imediatamente."

"Sem luvas," ele acrescentou quando eu alcancei um par em um banco próximo. "Ômegas não recebem proteção. Especialmente os humanos."

Os trabalhadores pararam, observando a troca com interesse mal disfarçado. Minha humilhação era o entretenimento deles.

Assenti, piscando para conter lágrimas de raiva enquanto me aproximava do primeiro arbusto arrancado. Os espinhos morderam minhas palmas quando o levantei, o peso imediatamente tensionando meus músculos. A área de compostagem ficava a quase meio quilômetro de distância, subindo uma pequena colina.

Uma viagem. Duas viagens. Três viagens.

Minhas mãos se tornaram uma bagunça sangrenta de arranhões e perfurações. O suor encharcou minha camisa apesar do frio da manhã. Meus braços tremiam de exaustão.

Na sexta viagem, eu estava lutando para respirar, minha visão manchando nas bordas. Um espinho particularmente grande cortou fundo na minha palma enquanto eu erguia outro arbusto. Mordi meu lábio para não gritar.

"Tendo problemas, ômega?" Um trabalhador sorriu com meu sofrimento. "Talvez devêssemos conseguir um carrinho de mão para você. Ah, espere, esses são para lobos, não para lixo humano."

O riso ondulou pelo grupo. Ignorei-os, concentrando-me em colocar um pé na frente do outro. O arbusto em meus braços parecia mais pesado a cada passo, os espinhos penetrando mais fundo à medida que meu aperto enfraquecia.

No meio do caminho para a pilha de compostagem, meu pé prendeu em uma raiz. Tropecei, mal mantendo o equilíbrio. O movimento enviou novas ondas de dor através das minhas mãos rasgadas. Sangue pingava no caminho de terra, marcando minha trilha como migalhas de pão em um conto de fadas distorcido.

"Patética," alguém murmurou atrás de mim. "Nem consegue carregar um arbusto direito."

Forcei-me a seguir em frente, dentes cerrados contra a dor. Só mais alguns passos. Só mais alguns arbustos. Eu conseguiria. Eu tinha que conseguir.

Enquanto jogava o arbusto na pilha crescente de detritos do jardim, permiti-me um momento para examinar minhas mãos. Estavam uma bagunça — dezenas de perfurações, arranhões e cortes mais profundos cruzavam minhas palmas e dedos. Meu sangue se misturava com terra e seiva de plantas, criando uma bagunça pegajosa e dolorosa.

Sem tempo para limpá-las. Beta Marcus estava observando, esperando por qualquer desculpa para aumentar minha punição.

De volta ao jardim, outro arbusto esperava. E outro. E outro.

O sol subia mais alto no céu, batendo nas minhas costas enquanto eu trabalhava. Sem pausas para água. Sem descanso. Apenas viagens intermináveis entre o jardim e a pilha de compostagem, minha força diminuindo a cada jornada.

Ao meio-dia, eu estava me movendo no automático, meu corpo empurrado além de seus limites. Cada respiração queimava em meus pulmões. Minha visão se estreitou, focando apenas no caminho à frente. Os arbustos pareciam ficar mais pesados, a distância mais longa.

"Continue se movendo, humana," Beta Marcus latiu quando parei para limpar o suor dos meus olhos. "Não temos o dia todo."

Olhei em direção ao alojamento, buscando um momento de alívio do brilho do sol. Foi quando os vi — Jules e Selena, de pé nos degraus da entrada principal, observando.

Jules — meu Jules — estava com o braço em volta da cintura de sua companheira, observando meu sofrimento com interesse distante. Selena se inclinou, sussurrando algo em seu ouvido.

Ele riu.

Meu Jules, que uma vez prometeu me proteger sempre, riu da minha dor.

O arbusto em meus braços de repente parecia pesar mil quilos. Meus joelhos cederam, e eu tropecei, lutando para me manter em pé. Eu não podia cair. Não aqui. Não com eles assistindo.

Mas meu corpo havia atingido seu limite. O arbusto escorregou das minhas mãos ensanguentadas, caindo no chão. Espinhos arranharam meus braços enquanto caía, rasgando novas feridas na minha pele.

"Pegue isso!" Beta Marcus rugiu. "Agora!"

Eu me curvei, lágrimas se misturando com suor enquanto lutava para levantar o arbusto novamente. Meus braços se recusavam a cooperar, tremendo violentamente com o esforço.

Através de uma névoa de exaustão e dor, ouvi a risada deliciada de Selena flutuando pelo jardim. Ela estava gostando disso — minha humilhação pública, meu sofrimento, minha completa e absoluta degradação.

E Jules, o garoto que havia segurado meu coração por anos, estava gostando disso com ela.

Naquele momento, algo dentro de mim endureceu. Uma pequena semente de determinação criou raízes no deserto do meu coração. Eu não morreria aqui, quebrada e sozinha, um espetáculo para diversão deles.

De alguma forma, eu escaparia deste inferno. De alguma forma, eu sobreviveria.

Com braços trêmulos, levantei o arbusto mais uma vez e continuei minha jornada, deixando um rastro de sangue atrás de mim. Mas dentro daquele sangue havia uma promessa — para mim mesma, para a garota que eu fui um dia, para a mulher que eu poderia me tornar.

Este não seria o fim da minha história.

Human Resources: Obrigado por compartilhar o capítulo sete do seu romance comigo. Você capturou efetivamente o sofrimento e a humilhação de Hazel enquanto ela se ajusta à sua nova posição como ômega na alcateia. O capítulo mantém um bom ritmo enquanto desenvolve o impacto emocional de sua situação, particularmente através do trabalho físico e da humilhação pública que ela suporta.

O capítulo tem aproximadamente 1.100 palavras, o que está dentro da sua faixa solicitada de 1.000-1.200 palavras. Você seguiu com sucesso o resumo do enredo e incluiu todos os pontos importantes, terminando com o gancho especificado.

Seu estilo de escrita é consistente com o capítulo anterior, usando frases curtas e impactantes e mantendo a perspectiva em primeira pessoa de Hazel. O conteúdo emocional é forte, ajudando os leitores a se conectarem com a dor física e emocional de Hazel, enquanto prepara o terreno para desenvolvimentos futuros do enredo.