Uma batida forte na porta do meu quarto me acordou de repente. Desorientada, pisquei com a luz do sol da manhã que entrava pela minha janela.
"Hazel! Abra esta porta agora mesmo!" A voz do Alfa Maxen trovejou, cada palavra vibrando através da madeira.
Meu coração saltou para a garganta. Saí da cama rapidamente, estremecendo quando meu tornozelo machucado protestou com o movimento repentino. Os eventos da noite anterior invadiram minha consciência—a rejeição de Julian, o lobo misterioso, o ataque de Liam.
"Já vou!" gritei, vestindo apressadamente uma calça de moletom e uma camiseta larga.
Mancando até a porta, abri-a para encontrar a figura imponente do Alfa Maxen preenchendo a entrada. O homem que havia sido meu pai nos últimos seis anos parecia diferente esta manhã. Seu cabelo preto com mechas prateadas estava desalinhado, seus olhos vermelhos. As linhas familiares de seu rosto, normalmente arranjadas em uma expressão severa mas carinhosa, agora estavam contorcidas com algo mais sombrio.
"Alfa," cumprimentei-o, baixando o olhar respeitosamente.
Ele passou por mim entrando no quarto. "Precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem à noite."
Engoli em seco. "Eu já contei tudo na clareira."
"Contou mesmo?" Ele virou-se para me encarar, sua aura alfa preenchendo o quarto, tornando o ar pesado e opressivo. "Porque as equipes de busca encontraram algo interessante."
Meu estômago se contraiu. "O que eles encontraram?"
"Nada." Seus olhos se estreitaram. "Eles não encontraram absolutamente nada. Nenhum vestígio desse enorme lobo selvagem que supostamente atacou Liam. Nenhum rastro de cheiro saindo da clareira. Nada."
Alívio tomou conta de mim. Meu protetor havia escapado.
"Isso é... estranho," ofereci fracamente.
"Estranho?" Alfa Maxen se aproximou. "O que é estranho é um lobo que pode desaparecer sem deixar rastros. O que é estranho é minha filha humana ser encontrada aconchegada a uma criatura que quase matou um dos nossos betas."
"Liam atacou primeiro," lembrei a ele, minha voz pequena mas insistente.
A mão do Alfa Maxen disparou, agarrando meu queixo dolorosamente. "Não me interrompa."
Congelei, choque ondulando através de mim. Ele nunca tinha sido fisicamente rude comigo antes. Nunca.
"Me conte novamente o que aconteceu," ele exigiu. "Cada detalhe."
Relatei a história com a maior sinceridade possível, omitindo apenas a estranha conexão que senti com o lobo negro. Como eu havia me separado durante a Caçada de Parceiros. Como tinha machucado meu tornozelo e estava congelando até a morte. Como o misterioso lobo apareceu e me salvou da hipotermia. Como Liam havia atacado e o lobo nos defendeu.
Alfa Maxen ouviu, sua expressão ficando mais sombria a cada palavra. Quando terminei, ele começou a andar pelo pequeno espaço do meu quarto.
"Seis anos," ele murmurou. "Seis anos eu esperei por um sinal."
"Um sinal do quê?" perguntei, confusa.
Ele parou abruptamente. "Um sinal de que você é mais do que aparenta."
O ar no quarto pareceu ficar mais denso. "Eu não entendo."
"Transforme-se para mim, Hazel."
Minha boca se abriu. "O quê? Eu não posso—"
"TRANSFORME-SE!" ele rugiu, seu comando alfa batendo em mim como um golpe físico.
Cambaleei para trás, ofegando por ar. Humana como eu era, o comando alfa não podia me obrigar a obedecer, mas ainda doía—como ser atingida por uma onda de pura autoridade.
"Eu não posso me transformar!" gritei. "Sou humana! Você sabe que sou humana!"
Os olhos do Alfa Maxen brilharam âmbar com poder. "É mesmo? Ou você tem escondido sua verdadeira natureza todos esses anos?"
O medo subiu pela minha espinha. "Do que você está falando? Por que eu esconderia ser uma lobisomem? Isso seria incrível!"
"Porque sua mãe era uma mentirosa," ele rosnou, avançando sobre mim. "E aparentemente, você também é."
Ele agarrou meu braço, seu aperto deixando marcas. Estremeci, tentando me afastar.
"Você está me machucando!"
"TRANSFORME-SE!" ele ordenou novamente, me sacudindo violentamente.
Lágrimas brotaram nos meus olhos, tanto pela dor quanto pela total confusão. "Eu não posso! Por favor, pare!"
"Sua mãe escondeu o que ela era de mim por anos," ele rosnou. "Me fez acreditar que ela era humana quando não era. E agora, depois de todo esse tempo criando você, cuidando de você, você está fazendo a mesma coisa."
Um frio pavor se acumulou no meu estômago. "Minha mãe? O que tem minha mãe?"
Em vez de responder, Alfa Maxen me arrastou para o centro do quarto. "Eu esperei pacientemente. Dei a você todas as oportunidades para se revelar. Mas agora encontro você confraternizando com um selvagem poderoso—um lobo que a protegeu contra um dos nossos!"
Ele me empurrou com força. Tropecei, meu tornozelo machucado cedendo. Desabei no chão com um grito de dor.
"Apenas um metamorfo receberia esse tipo de proteção," ele continuou, pairando sobre mim. "Apenas alguém com poder."
"Eu não tenho poder nenhum!" soluçei, me encolhendo protetoramente. "Sou apenas eu!"
"TRANSFORME-SE AGORA!" ele rugiu, dando um chute brutal no meu lado.
A dor explodiu através das minhas costelas. Ofeguei, incapaz de respirar por vários segundos aterrorizantes.
"Por favor," respirei com dificuldade quando finalmente pude falar. "Pai, por favor..."
"Eu não sou seu pai!" ele cuspiu. "Não se você continuar com essa farsa."
A porta se abriu violentamente. O Beta do Alfa Maxen, Dominic, entrou correndo, seus olhos arregalados de alarme.
"Alfa! O que está acontecendo?"
Alfa Maxen virou-se para seu segundo em comando, respirando pesadamente. "Ela está se recusando a se transformar. Assim como a mãe dela. Escondendo o que realmente é."
Dominic olhou entre nós, confusão evidente em seu rosto. "Mas Hazel é humana. Sempre soubemos disso."
"Soubemos?" Alfa Maxen desafiou. "Ou ela tem suprimido seu lobo todos esses anos?"
Lutei para me sentar, abraçando minhas costelas doloridas. "Eu não tenho um lobo," disse, minha voz quebrando. "Nunca tive um. Você sabe disso."
Alfa Maxen olhou para mim com nojo. "Sua mãe era minha parceira predestinada."
A revelação me atingiu como um balde de água gelada. "O quê?"
"Minha parceira destinada," ele continuou, cada palavra pingando com dor antiga. "Mas ela me rejeitou. Fugiu. Casou-se com um homem humano. Teve você."
Meu mundo inclinou-se em seu eixo. "Mas... você disse que era amigo dos meus pais. Que foi por isso que me acolheu quando eles morreram."
"Eu menti," ele disse secamente. "Eu a acolhi porque esperava que a traição dela pudesse ser explicada. Que talvez ela tivesse fugido porque você era especial. Diferente. Pensei que talvez, apenas talvez, você desenvolvesse habilidades. Mostrasse sinais de ser mais do que humana."
Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. "Você só me acolheu porque achou que eu poderia ser uma lobisomem?"
Alfa Maxen desviou o olhar. "Eu dei tudo a você. Um lar. Status. Proteção. E tudo que pedi foi que você fosse honesta sobre o que é."
"EU SOU humana!" gritei, a raiva momentaneamente superando meu medo. "Nunca fui outra coisa!"
Ele balançou a cabeça. "Nenhuma humana comum teria um lobo selvagem a defendendo contra um membro da alcateia. Aquela criatura reconheceu algo em você—algo que você está escondendo até de si mesma."
"Alfa," Dominic interveio cautelosamente. "Talvez a garota realmente não saiba."
"Seis anos," Alfa Maxen repetiu, ignorando seu Beta. "Seis anos eu esperei por uma prova de que a traição de Elena tinha algum propósito. Alguma explicação além dela simplesmente escolher um humano em vez de seu parceiro destinado."
O nome da minha mãe. Elena. Eu quase tinha esquecido.
A risada amarga do Alfa Maxen me tirou dos meus pensamentos. "E o que eu recebo em troca? Uma garota humana que contrabandeia lobos selvagens para nosso território. Que os defende contra sua própria alcateia."
"Não foi isso que aconteceu," protestei fracamente.
Ele parecia não me ouvir. Seus olhos âmbar tinham ficado distantes, vendo fantasmas do seu passado em vez da garota aterrorizada aos seus pés.
"Alfa," Dominic disse com mais firmeza. "Talvez devêssemos discutir isso em particular."
O foco do Alfa Maxen voltou para mim. "Não há nada para discutir. Ela não é minha filha. Nunca foi."
As palavras cortaram mais fundo que seus golpes físicos. Seis anos acreditando que tinha um pai que me amava, apagados em um instante.
"Leve-a para os alojamentos dos ômegas," Alfa Maxen ordenou a Dominic. "Ela pode ganhar seu sustento lá até eu decidir o que fazer com ela."
O choque me entorpeceu até o âmago. Os alojamentos dos ômegas eram onde os membros de menor classificação da alcateia viviam—aqueles que faziam o trabalho servil, que serviam em vez de liderar. Era praticamente um exílio dentro da própria alcateia.
"Mas Alfa," Dominic protestou, "ela tem sido sua filha por seis anos. A alcateia a vê como—"
"A alcateia a verá como eu ordenar que a vejam," Alfa Maxen interrompeu bruscamente. "Ela é humana. Não tem parceiro. Não tem propósito aqui exceto aquele que eu lhe der. E eu digo que ela serve aos ômegas agora."
Olhei para ele, este homem que me colocava na cama à noite depois que meus pais morreram. Que secou minhas lágrimas e prometeu me proteger sempre. Tudo isso—cada momento, cada gentileza—tinha sido condicional. Baseado na esperança de que um dia eu provaria ser algo que não era.
"Você nunca me amou," sussurrei, a percepção como ácido na minha garganta. "Era tudo mentira."
Alfa Maxen olhou para mim, e por um breve momento fugaz, pensei ter visto arrependimento em seus olhos. Mas desapareceu tão rápido quanto surgiu.
"Tire-a da minha vista," ele ordenou a Dominic. "E peça a alguém para esvaziar este quarto. Ela não vai mais precisar desses luxos."
Sem mais uma palavra, ele saiu do quarto, deixando-me quebrada no chão—não apenas fisicamente, mas em todos os sentidos que importavam.
Dominic se aproximou cautelosamente, como se eu fosse um animal ferido que pudesse atacar. "Sinto muito, Hazel. Eu não tinha ideia de que ele—"
"Apenas me ajude a levantar," interrompi, não querendo sua piedade. Não querendo a piedade de ninguém.
No espaço de dois dias, eu havia perdido tudo. Meu namorado. Meu pai. Minha casa. Minha identidade.
Enquanto Dominic me ajudava a ficar de pé, vislumbrei meu reflexo no espelho. Machucada. Manchada de lágrimas. Quebrada.
Mas não derrotada. Ainda não.
Em algum lugar na floresta, um enorme lobo negro com olhos dourados tinha visto algo em mim que valia a pena proteger. Algo que Alfa Maxen, com todo seu poder e autoridade, havia perdido.
Talvez isso fosse suficiente para me agarrar por enquanto. Talvez isso fosse suficiente para sobreviver ao que viria a seguir.