Capítulo 3 - Outro Lugar

Tinha se passado 4 dias dês que Jorge, como Alexsander, cometeu suicídio e entrou neste mundo. Ele percebeu diversas coisas sobre o lugar na qual foi posto, como a família de Alexsander, na qual é composta, junto a ele, 4 membros, sendo ele mesmo, seus pais, Arthur e Ion, e sua irmã, Flora. Além disso, Alexsander também tinha um cachorro chamado Douglas, no qual não gostava muito de se aproximar de Alexsander, mesmo que ele amassse ele antes.

"Talvez ele percebeu minha presença no corpo do Alex?"

Ele pensou nisso, mas logo retrucou: "Nah! impossível, cachorros não vê espíritos!"

Seu trabalho, no caso de Alexsander, era bem simples: Carteiro. Ele enviava cartas e até as vezes as escrevias. Durante seu tempo, ele percebeu que a vida estava comum até demais. Ele ouviu falar bastante sobre "Isekai" e mesmo sendo teleportado para outro mundo, ele não foi recebido por uma deusa, ou alguém falou "parabéns pelas suas conquistas, agora você ira pra outro mundo" mas tirando o simbolo de sua mão, que parecia mais uma tatuagem, ele basicamente não recebeu nada.

Sobre o simbolo, ele foi diversas bibliotecas, mas nenhuma falava sobre o misterioso simbolo.

"Qual significado disto então?"

Suas respostas não seriam atendidas, não agora.

*

Era mais um dia, eu acordei como qualquer outro dia: morto e cansado. Eu nem conseguia rastejar para fora da cama, eu sentia como se minhas pernas tivessem sido esmagadas por uma prensa hidráulica. Eu, com muito esforço me movi para fora da cama mas ainda assim, me movia igual um zumbi.

"Que horas são...?"

Eu observei o relógio, eram 8:30 da manhã, não vou mentir, esses relógios deste mundo são terríveis, pelo menos os da minha casa são.

Saindo do quarto, eu vi no meio do corredor uma pessoa de estatura pequena, eu sabia quem era então apenas acenei e disse: - Flora, que está fazendo ai?

Ela se virou, seu olhar parecia um pouco tenso, eu não pude não ficar preocupado, pois mesmo não sendo tecnicamente a minha Irmã, ela ainda era alguém que eu iria conviver, então tratar ela como família era essencial.

- Papai e Mamãe não estão em casa!

Ela falou intensamente, eu pude ver sua preocupação, mas então eu apenas peguei na cabeça dela e dei um cafuné gentil e a acalmei: - Papai e a Mamãe estão trabalhando, fica tranquila.

- Mas hoje é sexta! E eles disseram que sempre estariam em casa no sexta!

Eu entendi sua preocupação, sexta-feira era dia de descanso do senhor Arthur e a da senhorita Ion, por isso pra uma criança de 14 anos que não sabia nada sobre o mundo ainda era um choque de realidade falar que trabalhadores podem fazer "horas extras" se eles quisessem, e como essas folgas de sexta-feira começaram a 1 ano e só agora eles pegaram uma hora extra, deixou Flora realmente confusa.

Com um pouquinho de manha, eu apenas decidi falar algumas palavras para a tranquilizar: - Hoje é um dia que o papai e a mamãe estão se esforçando pra você crescer bem, então não fique triste.

Ela parece um pouco mais tranquilizada, mas ainda sim não o suficiente, mas não tinha muito que fazer, mesmo pra uma criança de 14 anos, ela era bastante ingênua.

- Vamos, hoje vou fazer o café da manhã que você quiser.

Seus olhos brilharam quase instantaneamente: - O "Pão de Queijo"?

- Sim, o pão de queijo.

Aproveitando as habilidades que eu aprendi na minha vida, eu fiz nesse mundo um pão de queijo pela primeira vez, era literalmente o que diz no nome, um pão com queijo dentro, e Flora amou isso, ao ponto de insistir toda vez pra eu fazer todo dia, mas claro, queijo não é tão barato quanto dizem.

Eu me movi até a cozinha e comecei a preparar o pão de queijo. Fiz massa de trigo, coloquei queijo dentro e por fim, terminei fazendo também um "ketchup" também, mesmo que não exatamente idêntico ao do meu mundo.

Eu não pude não ficar satisfeito vendo a Flora comer tudo, era uma comida tão básica no meu mundo, mas pra pessoas deste mundo era algo completamente único, claro, só revelei a receita pra minha família.

"Não tenho tempo pra me preocupar em vender pão de queijo."

Depois de comer, Flora correu até seu quarto e voltou com uma mochila pequena verde, e guardou alguns pão de queijo dentro de uma sacola de papel e saiu correndo, falando "Tchau!" e fechando a porta bem rapidamente.

Eu fui até a janela e vi ela esperando no ponto de ônibus ele chegar, não mentiria que acharia isso nostálgico, mesmo que busão e pirua são coisas completamente diferentes. Eu nem precisei esperar muito, ela saiu uns 3 minutos até do horário do ônibus, ele chegou e ela entrou, e percebendo eu da janela, ela acenou pra mim enquanto entrava no ônibus.

"Que sorte de ter alguém tão fofa quanto ela como irmã"

- Agora é hora de eu ir pro trabalho também.

Infelizmente, o corpo do Alexsander ainda tem trabalho até na sexta, eu suspirei e fui até o banheiro tomar um banho e me arrumar, demorou uma média de 4 minutos para eu ficar pronto e uma média de 30 pra arrumar minha marmita.

Camisa social com gola pra cima e colarinho aberto, jaqueta de couro, calças de couro e sapatos de couro, tem muito couro nessa época. Eu preparo pra sair e pegando meu chapéu do chapeleiro ao lado da porta de saída e antes de sair, eu olho pra trás.

Não sei qual motivo, mas ter uma família caridosa como esta me faz refletir se vale ou não apena voltar pro meu mundo, mas eu me lembro de como protagonistas de Isekai são. Em sua maioria, são pessoas que já desistiram da vida, ou tem vidas mudana, mas eu não tinha uma vida assim.

Meus pais, mesmo com suas desavenças, era meus pais, eu era filho único, mas eles tentaram ao máximo fazer eu ter um futuro melhor, era injusto pra Alexsander ter seu corpo roubado por um idiota egoísta como eu.

"Eu quero pelo menos tentar."

Me esperem, Mãe, Pai, amigos, eu voltarei para vocês.