Capítulo 5 - Injustiça, né?

Pra esquecer as dores, Jorge sempre amou ver o céu estrelado no parque próximo a sua casa. Os céus estrelados do Piauí era bela de se ver, mesmo sob as piores condições.

Quando sua namorada terminou com ele, ele pareceu ficar lá por horas olhando pro céu como uma estatua, era seu melhor jeito de escapar da realidade, mas também supera-la.

No fim, a morte o achou, e ele aceitou de bom grado, achando que no fim, aquela forma seria a mais tranquila de fugir daquele mundo cruel que o machucava

Pobre Jorge.

Mesmo após "fugir" a morte o escolheu como indigno, e os indignos de morrer sempre voltarão para viver denovo este maldito ciclo vicioso de dor e sofrimento.

Agora, como Alexsander, ele estava lá, jogado no beco escuro sem um de seus braços, ele via a chuva cair sob seus olhos, e quanto mais olhava para o céu, com seu semblante vazio.

Foi com os sons de sirenes altos escutados de longe que ele percebeu: Ele foi encontrado. Mas os sons foram sumindo, e o seu olhar se fechava a cada segundo, e o último grito, vindo diretamente a sua esquerda, era tão inesquecível quanto de um personagem bem atuado de Hollywood.

- Alexsander!!!

Era seu pai, Arthur, correndo com um rosto horrorizado, mas já era tarde demais, com um último suspiro Alexsander fechou seus olhos e desmaiou, fazendo seu pai gritar mais uma vez seu nome, e assim, tudo escureceu como um breu vazio.

-

Em vários anos de vida, Arthur Winchester nunca se sentiu tão desesperado e tenso quanto neste exato momento. Segurando seu filho, Alexsander, em seus braços, vários pensamentos passaram pela sua cabeça, mas o principal foi:

"Porque ele?!"

Alexsander era um jovem diligente que não merecia tal coisa, pra Arthur, um pai que se importava com sua família acima de tudo, seus olhos queimavam pela injustiça que seu filho sofreu.

Ele chegou na ambulância e colocou ele na maca, vendo seu filho, caído e inconsciente. Arthur só podia se sentir culpado, "se eu tivesse chegado mais cedo", "se eu tivesse prestado mais atenção" é claro, não mudaria o fato que seu filho estava ali, num véu da morte e vida.

Mas graças a sorte do destino de estar fazendo ronda no lugar onde seu filho foi atacado ele pode salvar ele a tempo, mas se não fosse por isso, definitivamente ele estaria morto.

Ele sabia disso, independente de como ele chegou ali a tempo, ele só podia agradecer a seu deus, Serran, pois se não fosse por ele, ele não estaria ali e talvez seu filho nunca poderia ter sido encontrado.

Ele segurou a mão do seu filho, trêmulo, e só pode rezar ao seu deus para ele ficar bem, suas palavras ecooaram pela ambulância.

- Não morre, por favor...

-

Eu realmente não queria ter acordado agora. Talvez eu tivesse desejado ter morrido, sinceramente.

Eu lentamente abri meus olhos, sentindo uma tontura enorme, não sei quanto tempo se passou mas olhando para os lados, eu sentia absolutamente nada de errado comigo, além do fato que cabeça rodava muito.

Foi após o som de Gasp! eu me virei e vi uma pessoa, vestida num traje branco com detalhes em vermelho, eu entendi na hora, é uma médica.

Ela olhou pra mim com surpresa e choque, mas antes de eu puder responder ela saiu correndo como um trovão, pareceu até uma cena de um desenho animado. Eu fiquei confuso, não vou mentir.

Mas minha confusão sumiu, quando do nada, mais de 3 pessoas vinheram, junto a mulher. Todos eram pessoas com a aparência mais genérica que descrever é desnecessário, o importante era que todos usavam roupas similares da mulher, então também pensei que eram médico, e novamente, antes que eu pudesse perguntar que estava acontecendo eu fui cortado por um deles, um homem barbudo com um olhar sereno, mas em choque.

- C-Como é possível? Pensavamos que você estaria desmaiado por mais alguns dias!

"Como assim...?" Eu pensei confuso, minha mente tava nas nuvens, não sabia nem o que tava acontecendo, porque parecia que eu estar acordado eta tão surpreendente, até uma das médicas, uma que parecia estar na casa dos 40, falar tão alto que eu tomei um susto.

-É impossível Senhor John! Ele claramente-

- Se acalme, Madame Kale, é um milagre ele estar acordado assim depois do acidente, vamos agradecer ao grande Tetran!

Eu franzi minhas sobrancelhas irritado. Porque ninguém nesta sala fala a única coisa que eu quero saber que é o contexto? Então, ainda confuso e tonto, decido abrir minha boca depois de ser interrompido duas vezes.

- Ah, q-que está acontecendo, se puderem dizer?

Eles prestaram mais atenção em mim, mas o médico mais velho parecia o mais impressionado. Ele acariciou sua barba bem alinhada e olhou diretamente para mim, de cima pra baixo, como se analisasse uma espécime.

- Você deve estar sofrendo de membro fantasma, não é?

- Membro... fantasma?

- Exatamente. Por favor, olhe pro seu braço esquerdo.

"Meu braço esquerdo?" Eu viro meu olhar pra meu braço, ou o que era pra ser onde estaria meu braço, pois quando eu virei meu olhar, não tinha nada, meu braço, não existia.

- Q-Que?! - Meu choque era genuíno. Meu braço esquerdo não tava ali, ao invés disso, havia apenas ataduras amarradas. Eu olhei pro meu braço direito, e ele, graças a Deus, ainda estava lá, então, eu fiquei alternando meu olhar do senhor para meu braço freneticamente.

O senhor, com um olhar preocupado, provavelmente percebendo meu choque, suspirou e falou de forma bem direta: - Quando encontramos seu corpo, infelizmente, seu membro já estava arrancando. Se não fosse pelo seu pai, talvez você nem teria sobrevivido.

De um lado, eu fiquei extremamente surpreso, pois não sei quanto tempo eu estou aqui, mas só por ser salvo por pura sorte já é um milagre. Mas, por outro lado, eu não sei porque senti decepcionado.

"Que irônico..."

Foi então que lembrei de algo. "Não era na minha mão esquerda que estava o simbolo" Eu pensei, então fui olhar meu único braço faltando, o direito, e lá estava, são e salvo o simbolo misterioso, ainda mais macabro é como ele foi pro braço esquerdo pro direito.

Essas respostas, eventualmente, seriam respondidas.