Do outro lado da linha, houve um silêncio breve antes da pergunta:
— Qual é a sua localização?
**Gu** respondeu rapidamente, transmitindo as coordenadas.
— Certo. Vou preparar os carros e os homens. Tenta sobreviver por cinco minutos — respondeu a voz.
**Cinco minutos?!**
Como ele aguentaria mais cinco minutos? Já havia mais de cem formigas coladas no encalço deles!
Gu soltou um palavrão baixo, tentando conter a raiva. Não podia perder a calma com quem estava do outro lado da linha — era a **última chance** deles.
— Krrr krrr kkkkk!
As formigas avançaram com tudo.
**BANG! BANG!**
Eles já estavam fugindo havia tanto tempo que a munição acabou. Agora eram como peixes em cima da tábua, prontos para o abate.
— Gu! Acabou tudo! Tô sem bala!
— O quê?! E o outro carro? Manda eles cobrirem a gente! — Gu rosnou. Aqueles reforços iam demorar pelo menos cinco minutos!
— Eles também estão sem nada—
De repente, as **formigas mutantes menores** se agruparam, levantaram o carro destruído com as mandíbulas e o arremessaram na direção deles.
**Screeeeeech!**
O carro ao lado teve que frear bruscamente para não bater.
Foi o segundo exato que duas formigas-soldado precisaram para cuspir ácido.
O som de líquido borbulhante ecoou enquanto o ácido derretia a lataria do carro, abrindo buracos fumegantes.
Gu só conseguiu ouvir o som metálico de algo sendo rasgado antes do carro derrapar, capotar várias vezes e ser engolido pela horda.
— AAAAAH!
Alguns sobreviventes conseguiram sair do carro, mas as formigas foram mais rápidas. As mandíbulas afiadas cortavam o ar — e cabeças — com uma facilidade assustadora.
Os gritos e a cena grotesca quase fizeram Gu se urinar.
**Renato**, **Bianca**, **Henrique**, **Gustavo** e **Siã** observavam a cena pelos binóculos, as gargantas travadas pelo horror.
Aquelas formigas eram absurdamente fortes. Rasgavam os carros como se fossem de papelão.
**Natália** e **Henrique** se entreolharam, sérios.
— Acelera! Acelera! Elas estão se aproximando! — gritou Gu para o motorista, o pânico tomando conta.
Agora, **só restava o carro deles**.
De repente, algo apareceu no horizonte.
— Gu! Olha ali na frente!
Gu estreitou os olhos pelo para-brisa, e seu olhar endureceu.
— Vai naquela direção! — rosnou. *Eu, Gu, não vou morrer aqui!*
Ele jogou uma lata vazia para os dois homens no banco de trás.
— Vocês dois, encham isso com o próprio sangue!
— O quê?! Gu, você ficou louco?! — os dois homens ficaram em choque.
Os olhos de Gu estavam injetados:
— Se não fizerem isso, a gente vai morrer igual! Vocês viram o que aconteceu com o outro carro? Querem acabar como ração de formiga?!
Eles se entreolharam, engoliram seco e obedeceram. Sabiam que Gu tinha o respaldo de um irmão poderoso. Desobedecê-lo seria sentença de morte depois.
Com dificuldade, encheram a lata de sangue e enfaixaram os cortes.
Gu sorriu, segurando a lata como um troféu.
Pegou os últimos coquetéis molotov cheios de solvente inflamável e entregou aos dois homens.
— Preparem-se. Precisamos nos aproximar da Land Rover. — disse ao motorista.
Natália observou o carro acelerar. Era um carro esportivo, muito mais rápido que a Land Rover adaptada. O motor rugia feito fera.
Aquele barulho não atrairia só as formigas…
A janela do carro esportivo se abriu.
Um homem se inclinou para fora, metade do corpo para fora, segurando a lata com sangue.
Natália estreitou os olhos. Viu gotas de sangue caindo.
— O que ele está fazendo?
Bianca e os outros se entreolharam, confusos.
Os olhos de Gu brilhavam com malícia.
Natália sentiu o perigo. Aquilo não era desespero. Era **intenção assassina** — um olhar que ela conhecia bem.
> *"Me perdoem por ser cruel, mas alguém vai morrer hoje… e não vai ser eu!"* — pensou Gu.
— Mira nos pneus! — gritou, lançando a lata na direção da Land Rover.
Os dois homens acenderam os molotovs e os jogaram também.
— Cretinos! — gritou Renato.
— Eles são loucos! — exclamou Bianca.
Os três estavam prestes a abrir a janela para impedir Gu, mas Natália foi mais rápida. Ela resolveu a situação antes mesmo que reagissem.
Todos respiraram aliviados.
Ainda bem que Gustavo tinha avisado sobre aquele grupo antes. Se não fosse isso, talvez tivessem ajudado os caras errados sem saber.
Quando o homem careca jogou a lata, Natália notou uma tatuagem no dorso da mão: uma caveira estilizada com ossos cruzados — o mesmo símbolo que estava estampado no carro azul.
Gu já se imaginava vendo a Land Rover pegando fogo, os pneus em chamas… Mas, ao invés disso, a lata **voltou**.
O sangue estourou sobre o **próprio** carro.
Os molotovs atingiram os **próprios pneus**.
— O quê...? O que acabou de acontecer?!
Todos ficaram boquiabertos. Eles tinham visto claramente os objetos sendo lançados para o outro carro. Como mudaram de direção?
Gu ficou completamente atordoado.
O cheiro do sangue fresco atraiu ainda mais as bestas mutantes. Até as formigas, cuja prioridade era recuperar o ovo, não resistiram.
Parecia que tinham sido atingidas por um feitiço de velocidade — avançavam agora como uma avalanche viva.
**TUM!**
**TUM!**
As formigas começaram a **pular no carro**, esmagando o teto.
Gu e os outros gritaram quando uma das formigas-soldado cuspiu ácido, rasgando a parte traseira do veículo.
Natália e os demais viram o carro serpenteando descontrolado, até bater em um poste.
O coração de Gu batia como um tambor. Não! Eu não posso morrer aqui!
BANG!
Bianca, Renato e Henrique engoliram seco enquanto viam as formigas **esmagarem o carro como papelão**.
Essas formigas estavam ainda mais fortes do que as que enfrentaram nos dias anteriores. O pânico tomou conta.
De relance, viram alguém se arrastando para fora.
Era Gu. Ensanguentado, mancando, arrastando a mochila…
…com o ovo.