EPISÓDIO 24 – O SOMBRA
Exterior – Penitenciária Central de Gyeonggi – Amanhecer
O céu estava nublado. Uma chuva fina começava a cair sobre a penitenciária de segurança máxima. O carro blindado atravessou os portões de aço com escolta policial. Dentro, Eduardo Feraz mantinha os olhos fixos na janela, impassível.
Do lado de fora, apenas um homem observava. De sobretudo preto, boina e rosto parcialmente coberto, ele segurava uma pasta de couro nos braços. Seus olhos seguiam o veículo com frieza. Um leve sorriso surgiu em seu rosto.
— “Adeus, Eduardo… Agora é a minha vez.”
Interior – Galeria de Arte – Jeju – Tarde
Isabela caminhava entre os visitantes, recebendo elogios por sua nova coleção. Estava mais leve, mais confiante. Ainda se emocionava ao ver os retratos inspirados em Helena — havia dor, mas também cura.
Miguel se aproximou por trás e tocou seu ombro.
— “Querida artista, a crítica amou sua última obra.”
Ela sorriu e se virou para ele.
— “E você? Qual foi seu quadro favorito?”
— “Aquele ali…” — ele apontou para uma tela que representava duas mãos entrelaçadas, sob o mar de Jeju. — “Tem algo naquele azul… que me lembra do que construímos aqui.”
Ela o beijou levemente.
— “Finalmente estamos livres, não é?”
— “Quase.” — ele murmurou, olhando ao redor. — “Só falta o mundo esquecer o nome Feraz.”
Interior – Escritório da Monteiro & Seo – Seul – Noite
Verônica revisava papéis sozinha, quando ouviu uma batida na porta. Estranhou — ninguém deveria estar no prédio àquela hora.
— “Quem é?”
Silêncio.
Ela se aproximou da porta e abriu devagar.
Nada. Apenas um envelope jogado no chão.
Verônica olhou em volta. Ninguém. Pegou o envelope, trancou a porta imediatamente e voltou para a mesa.
Dentro do envelope, havia apenas uma folha dobrada e uma única fotografia antiga.
Ela abriu e, ao ver o conteúdo, ficou pálida.
Na foto: **Helena Monteiro ao lado de um homem desconhecido**, de mãos dadas, sorrindo.
Atrás da foto, uma frase escrita com caneta vermelha:
> “Você guardou o segredo por tempo demais. Agora ele volta com sede.”
Verônica apertou o papel com força. Seu coração disparava.
— “Não pode ser… Ele não. Ele estava morto.”
Interior – Apartamento de Miguel – Noite
Miguel preparava café enquanto Isabela terminava de tirar a maquiagem da exposição.
— “Amanhã devo voltar à galeria pra uma entrevista. Quer vir comigo?” — ela perguntou, da sala.
— “Claro. Não perco por nada.”
O celular de Miguel vibrou. Notificação de mensagem anônima.
Ele leu em silêncio. Seus olhos se arregalaram.
> “A verdade sobre seu pai ainda não foi contada. Helena morreu protegendo algo que destruiria vocês dois. - S.”
Miguel congelou. O passado voltava, outra vez.
— “Miguel?” — Isabela apareceu na porta da cozinha. — “Tudo bem?”
Ele escondeu o celular e forçou um sorriso.
— “Tudo ótimo. Só cansado.”
Interior – Porão de um prédio abandonado – Mesmo momento
O homem de sobretudo preto analisava várias imagens coladas na parede: fotos de Helena, Isabela, Miguel, Eduardo. Linhas vermelhas conectavam nomes, datas, arquivos.
Ele colava uma nova imagem no centro.
Era **a mesma fotografia** que Verônica havia recebido.
Ele rabiscou com tinta preta uma palavra sobre a imagem de Helena:
**“TRAIDORA”**
Depois, pegou seu telefone e digitou lentamente:
> “Verônica, você tem 72 horas. Ou conto tudo. Ass: Sombra.”
Interior – Café de Jeju – Dia seguinte
Verônica chegou atrasada. Miguel e Isabela já estavam sentados à mesa.
Ela parecia tensa, com olheiras profundas e mãos inquietas.
— “Desculpem o atraso.”
— “Tá tudo bem?” — Isabela perguntou.
Verônica hesitou.
— “Recebi algo ontem à noite. Um aviso… ou talvez uma ameaça.”
Ela colocou a foto na mesa, entre eles.
Miguel ficou em choque.
— “Quem é esse homem com a minha mãe?”
Verônica respirou fundo. Sua voz saiu trêmula.
— “Esse homem se chamava **Raul Seo**. Um antigo sócio do pai de Miguel… e amante de Helena Monteiro.”
O silêncio tomou conta da mesa.
— “Amante?” — Isabela sussurrou.
— “Sim. Eles viveram um romance secreto por mais de dois anos, mesmo depois do casamento dela. Helena engravidou… e por segurança, nunca contou de quem era o filho.”
Miguel ficou paralisado.
— “Está dizendo que… eu posso ser filho desse homem?”
Verônica assentiu lentamente.
— “É possível. Mas ninguém jamais confirmou. Nem ela. Nem Raul. E… ele morreu há vinte anos.”
Isabela olhou para Miguel, em silêncio. Ele desviou o olhar, sem conseguir responder.
Verônica continuou:
— “Mas alguém está tentando reabrir essa ferida. E o modo como age… não parece amador. Esse ‘Sombra’ sabe demais.”
— “Acha que é alguém da família Seo?” — Isabela perguntou.
— “Talvez. Ou alguém que estava perto o tempo todo. Alguém que conheceu Helena, Raul… e sabia do segredo.”
Miguel levantou-se lentamente.
— “Eu preciso saber quem eu sou.”
— “Miguel…” — Isabela segurou sua mão. — “Você é o homem que eu amo. Isso… não muda nada.”
Ele sorriu, sem força.
— “Muda tudo, Isa. Porque se eu sou filho do Raul Seo… talvez meu pai verdadeiro seja o maior inimigo da minha família.”
Exterior – Penitenciária – Mesma hora
Eduardo recebia uma visita surpresa. O guarda anunciou:
— “Tem alguém querendo falar com você. Não quis dizer o nome.”
Eduardo levantou as sobrancelhas.
— “Curioso…”
Na sala de visitas, um homem com boina e sobretudo o aguardava.
Eduardo se sentou à sua frente, desconfiado.
— “Quem é você?”
O homem tirou a boina e revelou um rosto maduro, mas marcado por cicatrizes antigas.
— “Não importa quem eu sou. Só importa o que eu sei.”
Eduardo o encarou. Algo naquele homem lhe pareceu familiar.
— “Você estava morto.”
— “Não. Eu estava escondido. E agora… voltei pra terminar o que você começou.”
Eduardo sorriu de forma sombria.
— “Então você é o Sombra.”
— “Sou mais do que isso, Feraz. Eu sou a verdade que vai quebrar o império Monteiro e destruir o legado de Helena.”
———
PRÓXIMO EPISÓDIO: “O Filho Esquecido”
Miguel mergulha no passado para descobrir se é realmente filho de Raul Seo. Isabela tenta proteger Verônica, que passa a ser perseguida por alguém misterioso. E o Sombra finalmente mostra sua face: ele é mais próximo do que todos imaginavam — e carrega uma dívida antiga com a família Monteiro.