Episódio 25

EPISÓDIO 25 – O FILHO ESQUECIDO

Interior – Clínica de DNA – Seul – Manhã

Miguel estava sentado na cadeira da recepção. As mãos apertavam os joelhos, inquietas. Do outro lado da sala, Isabela o observava em silêncio. Ela respeitava sua dor, mas sentia medo do que estavam prestes a descobrir.

— “Miguel, você tem certeza?” — ela perguntou baixinho.

Ele a encarou.

— “Isabela, minha vida inteira foi uma mentira. Primeiro achei que era seu irmão… depois descobri que Eduardo tentou me separar de você com uma farsa… e agora… pode ser que eu nem seja filho do homem que me criou.”

Ela se aproximou e segurou sua mão.

— “Não importa o que o exame diga. Você continua sendo você. Nada pode mudar isso.”

Antes que Miguel pudesse responder, a enfermeira apareceu na porta.

— “Senhor Monteiro. Já podemos colher a amostra.”

Ele assentiu. Isabela apertou sua mão antes de soltá-lo.

— “Seja qual for a verdade… ela não vai te destruir. Eu prometo.”

Interior – Escritório de Verônica – Mesmo momento

Verônica organizava os documentos da empresa quando recebeu uma nova mensagem em seu celular. Um número desconhecido.

> “Você se esqueceu dele. Mas ele lembra. E agora ele quer justiça. – S”

Ela olhou para a janela, como se pressentisse que estava sendo observada.

Pegou sua bolsa e saiu apressada.

Exterior – Bairro antigo de Seul – Pouco depois

Verônica estacionou o carro em frente a uma casa decadente, com janelas quebradas e muros grafitados. Era um antigo orfanato, desativado há mais de vinte anos.

Ela desceu devagar, hesitante. No portão, havia um bilhete colado com fita:

> “Entre sozinha.”

Ela respirou fundo e empurrou o portão enferrujado.

Interior – Orfanato abandonado – Porão

As paredes estavam cobertas de pó. O chão rangia sob seus saltos. Cada passo ecoava na escuridão.

Uma voz surgiu das sombras:

— “Achei que você não viria.”

Verônica congelou.

— “Você… está vivo.”

Das sombras, saiu um homem magro, cabelos grisalhos, olhar frio. Era **André Seo**, o filho ilegítimo de Raul Seo — dado como morto após um incêndio na sede da fundação há 18 anos.

— “Você me esqueceu, Verônica. Como todos esqueceram.”

Ela recuou um passo.

— “A gente achou que você tinha morrido.”

— “Conveniente, não? Sumir com o bastardo… o filho fora do casamento. Assim ninguém precisava lidar com a vergonha.”

Verônica sentiu a garganta apertar.

— “André… seu pai tentou protegê-lo. Mas havia risco demais. As ameaças… os Feraz…”

— “Não justifica. Você me escondeu. Me exilou. Enquanto isso… Miguel crescia como herdeiro. E eu? Fiquei com as sombras.”

Ele se aproximou, encarando-a.

— “Agora é minha vez de ter o que me foi tirado.”

Interior – Clínica de DNA – Sala de espera – Tarde

Miguel aguardava o resultado. A assistente se aproximou com um envelope branco.

— “Os resultados estão prontos.”

Ele pegou o envelope com as mãos trêmulas. Isabela estava ao seu lado.

— “Abre.” — ela sussurrou.

Miguel abriu. Leu em silêncio.

Então, olhou para Isabela.

— “Meu pai biológico… é Raul Seo.”

Silêncio.

Isabela se aproximou.

— “Miguel…”

Ele sorriu com tristeza.

— “Não sou um Monteiro. Pelo menos… não por sangue.”

Ela tocou seu rosto com delicadeza.

— “Mas é mais Monteiro do que qualquer um daquela família. Você construiu tudo com caráter. Isso… o sangue não dá.”

Ele a abraçou forte.

— “E agora… preciso descobrir quem mais Raul deixou para trás.”

Interior – Casa de Verônica – Noite

Verônica estava sentada no sofá, em silêncio. Miguel e Isabela chegaram e notaram a expressão assustada dela.

— “Aconteceu algo?” — Miguel perguntou.

Ela hesitou, depois se levantou.

— “Ele está vivo, Miguel. O filho ilegítimo de Raul Seo. André. Ele sobreviveu… e está em Seul.”

— “O quê?” — Miguel recuou. — “Você sabia?”

— “Eu achava que ele tinha morrido. Um incêndio… Raul me jurou que o menino não havia resistido.”

Isabela se aproximou.

— “E agora?”

Verônica olhou para os dois.

— “Agora ele quer tudo o que foi negado. E está disposto a destruir quem estiver no caminho.”

Miguel fechou os olhos, absorvendo tudo.

— “Ele é meu meio-irmão. E… provavelmente o Sombra.”

Exterior – Galeria de Arte – Madrugada

A fachada da galeria estava pichada.

“**FILHOS DO PECADO NÃO MERECEM GLÓRIA**”

Seguranças chamaram a polícia. Miguel e Isabela chegaram minutos depois, em choque.

— “Isso é um aviso.” — Miguel murmurou.

Isabela apertou os braços.

— “Ele vai tentar te derrubar… pelo nome.”

Interior – Escritório de André Seo – Local secreto – Mesmo momento

André assistia às câmeras. Tinha registros dos passos de Isabela, Verônica, Miguel. Mapas, rotas, horários.

Em sua mesa, fotos de Raul Seo e Helena Monteiro rasgadas. Um quadro escrito à mão:

> “Vingança não é justiça. É equilíbrio.”

Ele falava sozinho:

— “Miguel cresceu com tudo. O amor, o nome, o mundo aos pés. E eu? Fui trancado, escondido, enterrado vivo.”

— “Mas agora… vou fazer os Monteiro pagarem.”

Interior – Casa de Verônica – Dia seguinte

Verônica recebia uma carta anônima.

Dentro, uma foto antiga: Helena Monteiro segurando dois bebês recém-nascidos.

No verso, a mesma frase:

> “Dois filhos. Uma verdade.”

Verônica olhou fixamente. E pela primeira vez, duvidou do que pensava saber.

———

PRÓXIMO EPISÓDIO: “Os Dois Irmãos”

Miguel decide procurar André para entender sua dor e descobrir o que realmente aconteceu no passado. Mas Isabela desconfia que tudo pode ser uma armadilha. No centro disso tudo, um novo segredo de Helena vem à tona: será que ela criou os dois filhos ao mesmo tempo — escondendo um do mundo e expondo o outro?