Episódio 27

EPISÓDIO 27 – O LEGADO ESCONDIDO

Interior – Casa de Helena Monteiro – Manhã

A luz suave da manhã invadia o velho ateliê de Helena. O local permanecia quase intocado, como um santuário particular de memórias. Miguel, Isabela e André estavam ali, rodeados por telas cobertas, caixas de madeira e cadernos empilhados.

— “Vocês têm certeza de que ela guardava coisas aqui?” — André perguntou, olhando ao redor.

— “Sim. Ela costumava escrever tudo. Helena tinha o hábito de esconder cartas e rascunhos nos lugares mais improváveis.” — respondeu Miguel, levantando uma das caixas debaixo da mesa.

Isabela começou a retirar os lençóis de cima dos quadros, revelando pinturas inacabadas — todas com o mesmo traço delicado e melancólico que Helena dominava. Uma das telas chamava atenção: mostrava dois meninos pequenos brincando à sombra de uma árvore.

— “Esses dois…” — Isabela tocou na pintura. — “Ela pintou vocês.”

Miguel se aproximou da imagem. Seu olhar ficou preso à assinatura no canto inferior: **"Para meus dois filhos, que a vida separou, mas o amor pode reunir"**.

André desviou os olhos, visivelmente tocado.

Interior – Biblioteca da casa – Pouco depois

Verônica chegou com uma pasta nas mãos.

— “Encontrei isso no cofre da fundação.” — ela disse, colocando a pasta sobre a mesa. — “São cartas e documentos que Helena mandou arquivar no dia em que Raul Seo desapareceu.”

Miguel abriu a pasta. Dentro havia uma pilha de envelopes e anotações. Um envelope em especial chamava atenção: era vermelho, com um selo de cera e o nome **“Miguel”** escrito com a caligrafia inconfundível de Helena.

Ele o abriu com cuidado.

Dentro, uma carta datada de vinte e três anos atrás.

> “Miguel,

>

> Se algum dia você ler isto, é porque finalmente a verdade encontrou seu caminho.

> Eu amei vocês dois — você e André. Mas as escolhas que fiz foram guiadas pelo medo.

> Raul tinha inimigos, e quando descobri que estava grávida de gêmeos, entendi que não poderia proteger os dois.

> O mundo não aceitaria. A família Monteiro não aceitaria.

> Escolhi salvar você, porque seu nome os protegeria. E escolhi esconder André… para que ao menos um de vocês tivesse chance.

> Perdoe-me. Por tudo o que escondi.

>

> Com amor eterno,

> Sua mãe, Helena.”

O silêncio tomou conta da sala.

André recuou, as mãos trêmulas.

— “Então era verdade… ela me amava. Mas me escondeu.”

Isabela se aproximou com delicadeza.

— “Ela tentou proteger vocês dois. Foi imperfeita, sim… mas também foi mãe.”

Miguel respirou fundo.

— “Agora nós temos as respostas. Mas o que fazemos com isso?”

Verônica cruzou os braços.

— “Contamos ao mundo. Não podemos mais esconder.”

André hesitou.

— “E se eles não aceitarem? E se me odiarem?”

— “Eles já tentaram nos destruir antes.” — Miguel disse. — “Mas agora temos um legado de verdade. Isso ninguém tira.”

Exterior – Fundação Helena Monteiro – Tarde

A imprensa estava reunida em frente ao prédio. Câmeras, microfones, jornalistas disputavam espaço. Um painel havia sido montado do lado de fora, com a logomarca da fundação ao fundo.

Miguel, Isabela, Verônica e André surgiram juntos.

Um burburinho tomou conta do público. Os flashes começaram.

Miguel pegou o microfone.

— “Boa tarde. Estamos aqui hoje para revelar algo que por muitos anos foi enterrado, negado, escondido.

Minha mãe, Helena Monteiro, teve dois filhos. Eu… e André Seo.”

Choque. Murmúrios. O som das câmeras.

Miguel continuou:

— “Durante anos, ele foi silenciado. Esquecido. Mas hoje, o mundo saberá seu nome. Porque ele tem tanto direito quanto eu de fazer parte deste legado.”

Miguel passou o microfone para André.

Este respirou fundo, tenso. Depois, falou:

— “Eu cresci nas sombras. Sem nome, sem rosto, sem história. Mas hoje… eu tenho um lugar. E não quero destruição. Quero reconstrução.”

Isabela se colocou entre eles, emocionada.

— “O amor reconstrói onde o ódio destrói. Que essa fundação seja agora o lar dos dois. O de Miguel… e de André.”

A multidão aplaudiu.

Interior – Escritório da Fundação – Noite

Os quatro estavam reunidos em torno da mesa principal. Um novo quadro havia sido pendurado: a pintura dos dois irmãos.

— “Vamos dividir a gestão?” — André perguntou, ainda receoso.

— “Não vamos dividir.” — Miguel sorriu. — “Vamos **governar juntos**.”

Verônica levantou sua taça de vinho.

— “Aos filhos de Helena. Que finalmente escreverão sua própria história.”

Brindaram.

Mas do lado de fora da janela, um carro preto estacionava discretamente. Um homem observava de dentro, falando ao telefone.

— “Eles acham que venceram. Mas não conhecem o poder de quem quer destruir a família Monteiro de verdade. A segunda fase começa amanhã.”

———

PRÓXIMO EPISÓDIO: “A Segunda Fase”

Miguel e André começam a administrar juntos a fundação, mas um novo inimigo entra em cena: um antigo aliado de Eduardo Feraz, disposto a vingança. Ao mesmo tempo, Isabela recebe uma proposta que pode levá-la para longe de Jeju… e de Miguel. O equilíbrio que todos tentam manter começa a ruir novamente.