Faltavam poucos dias para o baile beneficente dos Moretti e a tensão positiva pairava no ar como eletricidade antes de uma tempestade. O ateliê se tornara um verdadeiro campo de batalha criativa, com tecidos espalhados, manequins vestidos com criações em diferentes estágios, e a equipe toda trabalhando incansavelmente para dar vida ao que Laura havia sonhado.
Laura observava cada peça com o cuidado de quem observa uma joia rara. Sua concentração era total, mas o coração batia num ritmo diferente toda vez que o nome de Leonardo surgia em sua mente.
— Está tudo incrível, amiga — disse Giulia, entrando no ateliê com um café na mão. — Mas o seu vestido... aquele sim vai parar o salão.
Laura sorriu, abaixando os olhos para o croqui finalizado. Seu vestido seria um segredo até o último momento. Algo só dela. Um tom profundo de vinho, com brilho acetinado discreto, decote nas costas e um caimento que moldava suas curvas com perfeição. A máscara teria um toque de renda negra e pedrarias, cobrindo apenas o suficiente para instigar.
— Você acha mesmo que está demais?
— Acho que ele vai ter um ataque quando te ver com isso. E a dona Helena e Bianca já estão apaixonadas pelos vestidos delas.
O de Helena era clássico, com uma elegância imponente: tecido champanhe, capa translúcida e detalhes bordados à mão com fios de ouro. Já o de Bianca era jovial e moderno, com transparências em azul acinzentado e aplicações sutis de flores em tecido.
No fim da tarde, Laura estava organizando os últimos ajustes quando recebeu uma mensagem de Leonardo:
*"Pode vir até aqui? Preciso te mostrar uma coisa. E te ver."*
Ela respondeu com um simples "Estou indo" e deixou o ateliê.
O apartamento de Leonardo estava silencioso quando ela chegou. Ele a recebeu com um beijo suave nos lábios, o olhar escuro e intenso, vestindo uma camisa branca com as mangas dobradas.
— Você está exausta — disse ele, guiando-a até a sala.
— Mas feliz. Tudo está ficando lindo, Leonardo. Sua mãe, sua irmã, todos estão empolgados. Vai ser inesquecível.
Ele assentiu, mas seus olhos não desgrudavam dos dela.
— E o seu vestido? Já posso ver?
— Ainda não — disse ela, sorrindo. — Surpresa.
Ele se aproximou, encostando a mão em sua cintura.
— Você tem ideia do quanto me tira o sono?
Laura soltou um riso suave.
— Você também não sai da minha cabeça.
O silêncio que se instalou entre eles era denso de desejo. Laura passou os dedos pelo peito dele, sentindo o calor sob a camisa.
— Está tudo certo com o baile. Agora eu só preciso de um momento de descanso.
— E eu quero te dar isso — disse ele. — Um momento só nosso. Sem compromissos, sem relógio. Vem.
Ele a conduziu até o quarto dele. O ambiente estava com uma iluminação baixa, uma música instrumental suave tocando ao fundo. Laura parou ao lado da cama, olhando para ele com uma mistura de confiança e ansiedade.
— Você confia em mim, Laura?
Ela assentiu.
— Com meu corpo. Com meu coração.
Ele se aproximou e retirou devagar a blusa dela, como se cada movimento fosse uma reverência. Beijou seus ombros, seu pescoço, com delicadeza e intenção.
Ela retribuiu, desabotoando lentamente a camisa dele, sentindo os músculos tensos por baixo do tecido. Quando ele tirou a camisa e a calça, estava ali, exposto a ela — forte, intenso, completamente entregue.
Laura o olhava como se quisesse memorizar cada traço. Ele, por sua vez, a deitou com cuidado, como se fosse feita de vidro. Tocou seu corpo como quem conhece o valor da descoberta, beijando cada centímetro com atenção e desejo contido.
— Eu quero que você se lembre dessa noite — disse ele. — Porque eu nunca vou esquecer.
E ela se entregou.
Os corpos se encontraram num ritmo crescente. Começaram devagar, como uma dança de reconhecimento, até que o desejo rompeu qualquer barreira. Laura sentia o mundo desaparecer ao redor. Só existia ele. O toque, o cheiro, o calor.
Quando os dois atingiram o ápice, ela ficou deitada no peito dele, com os olhos fechados, o corpo leve, a alma silenciosamente satisfeita.
— Você me faz sentir viva — disse ela, com a voz suave.
— E você me fez encontrar um pedaço meu que eu nem sabia que estava perdido.
Na manhã seguinte, Laura acordou com o sol entrando pelas frestas das cortinas. Leonardo ainda dormia, os cabelos levemente bagunçados, a respiração calma. Ela sorriu, sentindo-se plena.
Levantou-se com cuidado, pegou uma das camisas dele e foi até a cozinha preparar café. Enquanto montava uma bandeja com torradas, frutas e café fresco, pensava no quanto as coisas tinham mudado. No quanto ela havia mudado.
O baile seria a consagração de tudo: do seu trabalho, da sua coragem, do amor que estava, aos poucos, florescendo em seu peito.
Ela voltou para o quarto, colocando a bandeja na cama. Leonardo abriu os olhos e a olhou como se ela fosse o próprio milagre da manhã.
— Com uma mulher assim, quem precisa de sorte? — disse ele com a voz rouca, puxando-a para um beijo antes mesmo do primeiro gole de café.
O dia já começava com intensidade. E a noite do baile prometia ser o verdadeiro clímax de tudo que estavam construindo juntos: com fios, desejos e amor.