Capítulo 26 – Sob o olhar do patriarca

A noite ainda brilhava sob os candelabros dourados e a música refinada que ecoava no salão. O baile seguia encantador, mas Laura já sentia o calor persistente do olhar de Leonardo. Desde que haviam se afastado por alguns minutos no jardim, algo havia mudado — a intensidade entre eles aumentava a cada olhar, cada toque, cada palavra não dita.

Ela caminhava entre os convidados com elegância natural, os passos firmes e postura impecável, quando ouviu a comoção próxima à entrada principal. Voltou-se para ver uma figura imponente adentrar o salão com passos firmes e segurança no olhar.

Era um homem alto, de cabelos grisalhos perfeitamente penteados para trás, usando um terno sob medida e uma expressão que misturava respeito e autoridade. Havia algo de familiar nele. Laura não teve dúvidas: era o pai de Leonardo, o lendário empresário e fundador da antiga holding que hoje rivalizava com o Valmont Group do próprio filho.

— Esse é meu pai — disse Leonardo, que surgiu ao lado dela quase como se tivesse lido seus pensamentos. — Venha, vou apresentá-los.

Laura sentiu um frio leve no estômago. Já havia ouvido falar muito de Lorenzo Moretti. Um homem exigente, reservado, com fama de ser um verdadeiro estrategista nos negócios e um crítico implacável. Mesmo assim, ao vê-lo se aproximar, havia algo em seu olhar que a surpreendeu: curiosidade.

— Papai — disse Leonardo, com um leve sorriso —, esta é Laura Martins.

Lorenzo estendeu a mão com elegância.

— Então é você — disse ele, apertando levemente a mão de Laura. — Minha esposa e Bianca não param de falar sobre essa moça de talento brilhante e coração ainda mais raro.

Laura sorriu com delicadeza, mantendo a postura firme, apesar da surpresa por aquele elogio vindo de alguém tão temido.

— É um prazer conhecê-lo, senhor Moretti.

— O prazer é meu — ele respondeu, avaliando-a com o olhar discreto de quem está acostumado a decifrar intenções com um único gesto. — Confesso que fiquei curioso sobre quem havia conquistado minha família… e talvez, o coração do meu filho.

Leonardo pigarreou, desviando brevemente o olhar, enquanto Laura corava, mas manteve o sorriso nos lábios.

— Espero que, com o tempo, eu possa mostrar a vocês que tudo o que faço é com dedicação e carinho.

— Já mostrou, minha cara — disse Lorenzo, antes de se afastar para cumprimentar outros convidados. — E acredito que veremos muito mais de você.

Quando ele desapareceu na multidão, Laura virou-se para Leonardo, rindo baixinho.

— Foi isso o que eu pensei que seria? Uma aprovação?

— Isso foi um milagre — respondeu ele, divertido. — Meu pai não aprova ninguém.

Ela ainda sorria quando Leonardo se aproximou e sussurrou em seu ouvido:

— Mas agora é hora de irmos.

— Ir? Mas o baile ainda nem acabou…

— Justamente. — Os olhos dele estavam tomados por um brilho escuro e faminto. — Eu não consigo mais ficar aqui com você desse jeito, com esse vestido, com todo mundo te olhando como se pudessem te tocar.

Laura engoliu em seco. Ela conhecia bem aquele tom em sua voz. E o corpo dela também.

— Vai parecer estranho sairmos assim.

— Que pareça. Já fiz o suficiente por hoje. Agora, você é minha prioridade.

Ela hesitou apenas um segundo antes de assentir. Sabia o que a esperava. Desejava cada segundo disso.

O carro de Leonardo deslizou pelas ruas noturnas, e Laura permaneceu em silêncio, sentindo o peso do desejo crescer entre eles. A mão dele segurava a dela com firmeza, como se estivesse tentando conter a impaciência.

Quando chegaram ao prédio, entraram direto no elevador. Os olhos de Laura estavam fixos no dele, e os dois sabiam que não haveria retorno a partir dali.

Assim que a porta do apartamento se fechou atrás deles, Leonardo a puxou com força, fazendo seu corpo colar ao dele. O beijo veio quente, intenso, como se ele estivesse esperando por aquilo a noite inteira.

— Você não faz ideia do que provocou em mim — sussurrou ele, enquanto suas mãos percorriam as curvas dela pelo tecido do vestido.

— Acho que faço sim — respondeu ela, arfando, enquanto sentia os dedos dele deslizarem pelo fecho da máscara.

Ele retirou a máscara com delicadeza e beijou cada centímetro de pele descoberta.

— Você é perfeita. E é só minha.

Laura sentiu um arrepio percorrer sua espinha. As mãos dele a seguravam com firmeza, e o corpo inteiro dele exalava desejo e necessidade. Ele a pegou no colo e a levou até o quarto, onde o ambiente já parecia preparado para aquela entrega.

Assim que a deitou na cama, ele a olhou por um longo instante.

— Eu não quero pressa. Quero explorar cada parte de você. Te fazer esquecer o mundo.

Ela assentiu, já perdida naquele clima de rendição.

Leonardo começou retirando o vestido devagar, como se desembrulhasse um presente precioso. Cada parte de pele exposta era reverenciada com beijos, toques, mordidas leves. Quando finalmente ela estava nua diante dele, ele apenas a observou por um segundo, como se gravasse aquela imagem.

— Você me enlouquece, Laura.

Ela puxou a camisa dele, ansiosa para sentir sua pele, sua força. Quando ele se despiu completamente, o calor entre os dois parecia quase insuportável. Os corpos se encontraram com desejo e fome.

Ele percorreu com a boca desde o pescoço até o ventre dela, arrancando suspiros e gemidos. Beijou cada parte com atenção, especialmente entre as pernas dela, onde ficou o tempo necessário para fazê-la tremer sob seus toques, sua língua, sua presença dominante.

Quando finalmente a penetrou, o fez com cuidado, o olhar fixo no dela, os movimentos lentos no começo. Mas logo o controle se dissolveu, e ele passou a se mover com mais intensidade, arrancando dela reações que o deixavam ainda mais faminto.

Laura segurava nos ombros dele, sentindo-se preenchida de um jeito completo, entregue não só ao prazer, mas à emoção que transbordava ali.

— Você é tudo — ele disse, entre gemidos e movimentos intensos. — Minha paz e minha perdição.

A explosão de prazer veio como uma onda avassaladora. Eles atingiram o ápice juntos, exaustos e ainda assim famintos um do outro.

Ele permaneceu deitado ao lado dela, os corpos suados, os corações acelerados.

Laura virou-se e o observou, traçando com os dedos os contornos do peito dele.

— Você está me acostumando mal, sabia?

— Pretendo fazer pior — respondeu ele, puxando-a para mais perto. — Essa noite foi só o começo. Ainda tenho muito para te mostrar… e te fazer sentir.

E ali, na quietude depois do clímax, envoltos nos lençóis e em uma conexão que crescia a cada segundo, eles souberam: não era só desejo. Era algo mais profundo, mais perigoso. E inevitável.