Naquele momento, o quarto caiu em um silêncio atordoado.
As palavras de Cora caíram como um soco no estômago.
"Eu não quero nada."
James piscou. "O quê?"
Ela olhou para ele, sua expressão tão calma como sempre. "Você me ouviu. Eu não quero seu dinheiro."
Naquele momento, James zombou e se levantou, dando um passo à frente como se precisasse que ela o ouvisse mais claramente. "É melhor você aceitar esse um milhão de dólares, Cora. Porque uma vez que isso acabar, eu não vou te dar nem um maldito centavo no futuro. Nem um."
No entanto, o olhar de Cora não vacilou.
Sem dizer mais nada, ela pegou uma caneta, calmamente riscou a seção do contrato que lhe dava direito ao acordo, então pressionou a ponta da caneta na parte inferior da página — e assinou seu nome.
Suave. Graciosa. Inabalável.
Imediatamente, James e Emily se apressaram em direção à mesa.
Eles se debruçaram sobre o contrato juntos, os olhos correndo pela página.
E lá estava — sua assinatura.
Eles não podiam acreditar que ela realmente tinha assinado. Ela não estava blefando.
James jogou a cabeça para trás e explodiu em gargalhadas, cheio de descrença e alegria cruel.
"Ela realmente assinou!" ele gritou.
Emily suspirou dramaticamente e se inclinou para James, fingindo estar fraca de surpresa, braços envolvendo-o suavemente. "Meu Deus... Eu pensei que ela não assinaria," sussurrou com falsa preocupação.
Imediatamente, James a puxou para perto, agarrando sua cintura com excitação. "Finalmente," ele disse, voz grossa de orgulho. "Finalmente, posso ascender sem vergonha. Sem mais esconderijos. Sem mais rivais zombando de mim por causa da minha esposa aleijada. Finalmente posso alcançar a altura para a qual fui destinado."
Nesse momento, o advogado fechou o arquivo com um estalo satisfeito e se virou para Cora com um sorriso frio.
"Bem então," ele disse suavemente, "já que os papéis estão assinados, você não é mais a Jovem Senhora da família Lorenzo. Seria melhor se você desocupasse o local imediatamente."
Cora não se abalou.
Antes que ela pudesse responder, James bateu palmas uma vez e deu um passo à frente com aquele sorriso presunçoso que ele usava tão bem. "Não se preocupe com a mudança," ele disse. "Vou chamar algumas pessoas para cuidar disso para você. Vamos embalar tudo e mandar entregar no seu próximo destino. Na verdade—" ele pegou seu telefone, "vou começar isso agora mesmo."
Naquele momento, Cora levantou a mão calmamente.
"Não é necessário," ela disse. "Vou chamar alguém para cuidar disso eu mesma."
Novamente James pausou, surpreso. Ele abaixou o telefone ligeiramente.
"Sério?" ele disse, olhando-a com curiosidade. "Quem você vai chamar? Sua família?"
Ele riu baixinho consigo mesmo. Pelo que ele sabia, Cora não conhecia ninguém importante em Sul de Caden. Ela não se misturava. Ela não frequentava os eventos da alta sociedade. Ela mal saía de casa, a não ser para terapia.
Ele sempre pensou que era por causa da condição dela. Ou porque ela era apenas uma garota de cidade pequena tentando se adaptar à cidade grande.
Ainda assim... se ele fosse honesto, havia uma coisa pela qual ele poderia dar crédito a Cora.
Ela nunca havia pedido dinheiro a ele. Nem uma vez. Nem mesmo quando ele começou a ganhar cada vez mais. Ela nunca exigiu bolsas de luxo, jantares caros ou férias para se exibir.
Ao contrário de Emily — que esgotava seu cartão como se fosse um caixa eletrônico feito para sua diversão.
Mas, por outro lado, esse era o preço de estar com uma mulher de alta classe.
Não uma garota caipira aleijada.
James ergueu uma sobrancelha e sorriu com desdém. "Se você está falando da sua família, então vai esperar um bom tempo," ele disse com uma risada zombeteira. "Cloudridge não é exatamente aqui do lado. Vai demorar uma eternidade para eles chegarem aqui."
Mas Cora não discutiu.
Ela simplesmente alcançou o bolso lateral de sua cadeira de rodas e tirou seu telefone.
Ela discou. Calma, Coletada, quase sem emoção.
Quando a linha conectou, ela disse: "Eu me divorciei de James. Mande alguém vir buscar minhas coisas."
Foi só isso. Sem lágrimas. Sem explicações.
Ela encerrou a ligação como se tivesse acabado de fazer um pedido de almoço.
Então ela olhou para James com um leve sorriso indecifrável. "Eles estarão aqui em breve. Eu só precisava fazer a ligação."
O rosto de James endureceu ligeiramente. Ele não sabia por quê, mas algo sobre como ela estava calma o deixou inquieto.
Emily, enquanto isso, zombou atrás dele. Seus lábios se curvaram em nojo.
"Cloudridge?" ela disse com um escárnio. "Aquele distrito agrícola decadente?"
Ela riu amargamente. "Não acredito que você mora naquela sujeira. O que você fazia lá — ordenhava vacas e plantava inhames?"
A expressão de Cora mudou instantaneamente.
Foi-se a calma. Foi-se o controle.
O que restou foi aço.
Seus olhos escureceram — não com lágrimas, mas com fúria silenciosa. Ela podia suportar humilhação. Ela podia suportar traição. Mas um insulto à sua família?
Essa era uma linha que Emily nunca deveria ter cruzado.
Ela olhou para James, esperando — apenas esperando — por um lampejo de decência. Para que ele dissesse algo. Para que ele repreendesse as palavras de Emily.
Mas em vez disso, James estava sorrindo. Aquele mesmo sorriso torto, como se ele gostasse de ver o orgulho dela sendo pisoteado.
Cora se virou para Emily, voz afiada e clara. "Você está certa. Minha família vive na sujeira."
Emily ergueu uma sobrancelha, quase surpresa com a admissão.
"Mas ao contrário de você," Cora continuou, sua voz agora fina como uma navalha, "eles sabem como transformar um gatinho em um leão."
Emily bufou e explodiu em gargalhadas. "Ah, por favor," ela disse entre risadas. "Você é realmente engraçada, Cora. Tenho que admitir."
Ela jogou o cabelo por cima do ombro com falsa elegância. "Mas já que estamos falando de leões e alturas — não foi você quem disse que levou James aonde ele está agora?"
Sua voz tornou-se zombeteira. "Porque se isso for verdade, então você deve ser uma princesa da sujeira muito generosa."
O rosto de James se contorceu de irritação. Ele deu um passo à frente.
"Já chega," ele disparou para Cora. "Você tem até hoje para sair. Não quero te ver aqui amanhã."
Ele se virou para Emily e passou um braço em volta da cintura dela. "Assim que eu receber meu prêmio hoje à noite como Jovem Empreendedor Inspirador, esta casa estará cheia de pessoas. Estou dando uma festa aqui. Não vou deixar que seja arruinada por uma ex-esposa sentada em um canto parecendo digna de pena."
James ficou ereto, esperando que Cora quebrasse — esperando que ela tremesse sob o peso de sua autoridade, a rispidez em sua voz. Ele estava acostumado a vê-la sendo suave. Silenciosa. Aceitando.
Mas em vez disso, ela sorriu.
Um sorriso lento, calmo e perigoso.
Sua bochecha se ergueu ligeiramente, seus lábios se curvando em diversão. "Você ainda está pensando nesse prêmio inspirador?" ela perguntou, sua voz leve, mas cortante.
Então vieram as palavras que fizeram o ar na sala mudar.
"Para um evento do qual você será expulso?"
James congelou, o cenho franzindo.
Os olhos de Cora brilhavam agora — não com dor, mas com poder. "Se eu fosse você," ela acrescentou suavemente, "nem me incomodaria em comparecer. Você só sairá de lá humilhado."
A sala ficou imóvel.
James piscou, atordoado pela certeza na voz dela.
A expressão de Emily se contorceu, meio confusa, meio irritada. "Espera — o que você está dizendo?" ela perguntou, então soltou uma risada forçada, tentando descartar. "E agora, Cora? Você está dizendo que é você quem vai entregar o prêmio a James?"