A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido.
(H.P. Lovecraft)
Lolis era o nome da mulher psíquica. Carine subiu as escadas da sua kitnet rapidamente, e Cabeçudo a recebeu com um longo "mooooou", seu miado típico. Ela colocou sachê em seu potinho, e ele começou a comer ronronando. Ela se dirigiu até a porta, e ele protestou: "mooooou".
— Já volto, meu nenezinho, preciso fazer uma coisa.
O gato voltou a comer, e ela respirou fundo antes de descer de volta para o mundo. Agora era um novo mundo, repleto de possibilidades, pois Carine havia encontrado alguém como ela. Até aquele momento, Carine estava sozinha no mundo, "uma aberração do diabo" — dizia a voz em sua cabeça. Só sabia que o gene da bruxa corria no sangue das mulheres da sua família. Mas, até então, nunca conhecera ninguém que fizesse algo parecido, ou mesmo algo diferente. Uma vez sonhara que Laura controlava as águas, mas com certeza era porque ela parecia uma sereia.
Quando saiu, Carine viu Lolis ao lado de uma lambreta Vespa de cor creme, com o capacete na mão, esperando por ela. Carine achou aquilo bem legal e descolado. Nunca conhecera ninguém que tivesse uma lambreta, e muito menos que combinasse tanto com o estilo de alguém como Lolis.
— Vamos nessa, Ginger? — disse, entregando um capacete para Carine.
Ela sorriu e respondeu:
— Nossa, uma Vespa! Isso é bem legal.
Lolis sorriu, e ambas subiram na lambreta, sentindo o vento no rosto enquanto seguiam pela cidade.
Entraram na Vespa, e Carine sentiu novamente a calma avassaladora, e sorriu.
— Quem dera meu poder fosse bom assim.
Lolis levantou sua fina sobrancelha, intrigada com o comentário.
— Nossas habilidades não são boas ou más, Ginger. O que importa é o que você faz com elas.
Carine se calou. Ela tinha feito o mal. E havia gostado disso. O fato a assombrava diariamente, mesmo tanto tempo tendo se passado. Mesmo tendo mudado de cidade, de data de nascimento e de sobrenome.
— Um evento não deve te definir para sempre, sabe?
— Caramba! Você lê mentes também?
— Mais ou menos. Eu chamo de "a visão". Quando te toquei, vi algumas imagens que estavam na sua mente. Normalmente essas imagens são o que a pessoa mais pensa, o que ajuda muito no meu trabalho. Se eu tiver sorte, vejo exatamente o que estou investigando.
Foram até uma cafeteria perto da praça central de Borubo. O lugar era aconchegante, cheio de samambaias e meia-luz. Carine já havia ido lá com Laura uma vez e se lembrava de ter comido um petit gateau muito gostoso. Lolis puxou a cadeira para que Carine se sentasse, e a mão da mulher encostou levemente no braço desnudo de Carine. Logo, Lolis chamou a garçonete e pediu, adivinhem… Dois cappuccinos e um petit gateau para Carine.
— Você usa seu… você sabe… o tempo todo? — perguntou, receosa.
— Desculpe, é a força do hábito. Por questões éticas, prefiro usar apenas quando envolve algum caso e é estritamente necessário.
Lolis era detetive particular há mais de oito anos. Era um caminho natural para o uso de suas habilidades, pelo menos gostava de pensar que sim. Às vezes, a investigadora se perguntava o que faria se não fosse detetive. Cartomante, talvez? Seria um sucesso. Um toque de leve, e o atendimento seria extraordinário. Mas, apesar das possibilidades, Lolis tinha sua ética própria e a seguia rigidamente. "Uma pessoa sem princípios não tem nada", pensava. Advogar estava fora de cogitação, o meio jurídico a enojava. E, para alguém como ela, que conseguia — literalmente — ler as pessoas, sabia com clareza que existia gente podre demais para ser lida.
Talvez fosse assim por conta da faculdade de direito, talvez por conta de seu pai, professor de filosofia, que era especialista em Kant e viveu toda a sua vida baseado no imperativo categórico, a razão mais pura em função da moralidade. Sentia falta do velho rabugento, apesar de Lolis ter suas críticas a ele.
Esse novo caso, em específico, a deixava tensa e alerta. Havia muita coisa em jogo — vidas de jovens — e ela não podia falhar. Não que costumasse falhar, ela era muito boa no que fazia. Impressionantemente boa, diziam. Mesmo assim, lidar com grupos de ódio não era agradável para ninguém. Ainda mais um grupo de ódio que acreditava que ataques em escolas eram a solução para o problema do bullying.
Lolis, uma mulher lésbica, fora do padrão aceitável da sociedade, entendia muito bem esse problema. Ela teve sua cota na escola também. Mas se questionava: o que levava meninos tão jovens a se radicalizarem a ponto de achar justificável matar? Ela sofrera durante anos as ofensas, agressões, xingamentos e a dor do preconceito contra sua sexualidade, e nunca quis matar ninguém, não de verdade.
Lolis nunca havia pretendido ser uma santa também. Já tinha se vingado algumas vezes, mas geralmente era uma vingança simbólica, direcionada a quem a havia feito mal. Como quando armou para a professora Cleide pegar no flagra a Betina, a patricinha metida que a importunava na escola, colando na prova de geografia. Nunca planejara nada parecido com um ataque de ódio direcionado a pessoas que não tinham nada a ver com o que acontecia com ela.
Lolis estava quase nos quarenta anos e sua vida não foi exatamente fácil. Mesmo vinda de uma família de classe média, tendo acesso à educação e pais que a aceitaram, Lolis descobriu sua sexualidade muito cedo, e os anos oitenta e noventa não haviam sido gentis com quem fugia do padrão magra, feminina e heterossexual. Talvez por isso tenha descontado tantas frustrações na comida, mas que se danassem todos que a julgavam, principalmente suas tias. Não ia parar de comer um pratão de macarrão por conta delas. Comer era um dos únicos prazeres que tinha, e se negava a abrir mão disso para atingir um padrão de beleza violento e inalcançável. Não quando ela tinha que lidar com tudo que as pessoas pensavam de ruim.
Os traumas, ao contrário do que as pessoas pregam, não fortalecem ninguém. Eles minam sua mente, assombram seus pensamentos e contaminam até mesmo os sentimentos mais nobres. Um toque em falso, e pronto: assistia a uma cena de abuso, um suicídio, uma morte terrível, alguma violência desmedida. Era difícil demais saber o que as pessoas vivenciam em suas mentes, aquilo que não conseguem esquecer, o que as contamina. As imagens que se repetem em seus pensamentos. O que elas escondem de todos. Suas maiores vergonhas e desejos ocultos. Já tinha vomitado de asco algumas vezes. Usou luvas durante muito tempo, mas no calor do planalto paulista, andar de luvas era estranho demais e atrapalhava seus negócios, sem falar no calor.
Já os poderes de indução vieram mais tarde. Quer dizer, ela tomou conhecimento deles mais tarde. Para Lolis, era natural que as pessoas fizessem o que ela sugeria, fora assim sua vida toda. Claro que, quanto mais simples a sugestão, menos energia gastava. Mudar uma memória, como fizera com os adolescentes que atacaram o jovem de batom vermelho, já era mais trabalhoso, e depois ela precisava descansar.
Mas, naquele momento, era imprescindível convencer Carine a ajudá-la. Embora muito provavelmente conseguisse descobrir sozinha quem e quando seria o ataque, como sempre conseguia, precisava de reforços. E se fossem super-reforços telecinéticos, isso seria incrível. Além disso, após ter tocado a garota, sabia que ela precisava de ajuda também. Sua depressão estava tomando cada pedaço do seu ser e fragilizando sua mente, o que fazia com que impulsos mais sombrios aparecessem. Ela não podia deixá-la sozinha ou simplesmente apagar sua mente para que se esquecesse do trauma.
Certas coisas são impossíveis de serem apagadas, por mais que ela tentasse, como já fizera uma vez… Mais cedo ou mais tarde, de um jeito ou de outro, tudo voltaria. Ou pior: desfragmentaria totalmente a mente da pessoa, a ponto de ela enlouquecer. Lolis nunca tentaria apagar um trauma novamente, por mais duro que fosse. Essa lição, ela aprendeu da pior maneira, e o preço foi alto demais. Havia perdido uma amiga para o suicídio, mesmo tendo tentado apagar as memórias que a torturavam. A dor de sua amiga era tão grande e estava tão enraizada em sua mente que, mesmo sem lembrar exatamente dos abusos que sofrera, ela não resistiu e tirou a própria vida. O coração também tem memória, e é como um cristal: uma vez trincado, podemos remendá-lo, mas ele nunca voltará a ser o mesmo.
Por isso, tinha que ajudar Carine a superar aquela culpa por matar sua mãe e seus colegas. Ela era uma jovem em sofrimento profundo, que passou por abusos físicos e psicológicos, não só em casa, mas também por parte de seus colegas. Aquele evento não deveria impedi-la de, ao menos, tentar ser feliz. Então, Lolis decidiu ser para ela o apoio que não teve quando era jovem e tomou consciência de seus poderes.
— …é isso que estou investigando. Vai acontecer algo grande aqui em Borubo. Eu ainda não sei em que escola, mas já consegui captar algumas pistas que dizem que a cidade foi escolhida por esse grupo de ódio. Eles têm um canal de áudio no Discord. Estou tentando achar um dos membros para me infiltrar e captar informações antes que seja tarde demais.
Carine piscou, sem reação. Até aquele dia, nunca havia conhecido alguém com poderes como os dela. Ela até imaginava que outros como ela existiam, mas tinha certeza de que, assim como ela, eles escondiam quem realmente eram por segurança. Não precisava pensar muito para lembrar como os diferentes são tratados. Ela sabia bem demais como era ser tratada de forma cruel, mesmo antes de seus poderes despertarem. Só por ser "diferente", se vestir diferente, e ter uma criação diferente, era punida. Dia após dia, era punida por seu único crime: ser diferente, ser a estranha.
E agora, além de ter conhecido alguém como ela, ainda estava sendo chamada para impedir um massacre... Pior, um massacre em uma escola. Uma escola como a dela, com jovens maldosos como seus colegas, que humilhavam diariamente os diferentes, como havia acontecido com o garoto de batom vermelho. A escola podia ser outra, um novo ano ter começado, com novos rostos, mas os velhos hábitos... esses, de alguma forma, continuavam.
Como ela, alguém que havia feito o mesmo, poderia impedir um evento como esse? Como teria esse direito? Como poderia fazer algo? E se, no calor do momento, concordasse com os atiradores? Será que, no fundo, todos aqueles jovens mereciam morrer? Não, claro que não. Mas tinha medo de mudar de ideia. Tinha medo de perder o controle novamente.
Carine fizera o que fizera justamente por ser levada ao limite do que uma jovem de dezesseis anos podia suportar. Seus poderes explodiram de seu peito como consequência da hematofobia, seu medo de sangue, adquirido após o incidente com os absorventes... Isso, somado à maldade desmedida e ao sadismo de terem lhe concedido esperanças de ter um dia feliz, uma festa dos sonhos de qualquer garota, manipulando os resultados para ela ganhar como Miss 3º ano, apenas para humilhá-la ainda mais.
Não era ingênua a ponto de achar que havia realmente ganhado. Quando seu nome foi chamado junto com o de Tomás, ela soube que havia algo errado, mas preferiu acreditar na bondade das pessoas. Esse foi seu erro. Poderia a coroação ser uma reparação por anos de sofrimento? Ela não poderia ter um dia de paz? Ela não poderia fingir, por um só dia, ser normal e não filha de uma mãe abusiva, extremista religiosa e ultra controladora? Carine merecia isso, com certeza. Mas isso só aconteceria em um mundo dos sonhos.
No mundo real, só havia ganhado o título de Miss 3º ano para tomar um banho de sangue e entreter o coração perverso daqueles que sempre a odiaram. Assim, sua coroação sangrenta despertou todo aquele ódio acumulado, todo o sentimento de injustiça, abandono e frustração de todos aqueles anos de humilhação, tanto por parte de seus colegas quanto de sua mãe. E ela fez o que fez porque, naquele momento, acreditou que eles mereciam. Mereciam a festa sangrenta que haviam planejado, mas desta vez ela tocaria a música. Não foi o diabo que a tentou fazer aquilo, foi sua escolha reagir daquela forma a tudo que passou, sabia.
Carine não acreditava no diabo. Ela acreditava que as pessoas eram capazes de fazer o mal por si mesmas, não por influência de forças sobrenaturais. Ela sempre fora boa, nunca quis fazer mal a ninguém, mas, mesmo assim, a humilharam, tiraram-lhe o direito de ter uma única boa memória.
A maldade de seus algozes foi tamanha que haviam matado Tomás no processo. Se ele estava ciente da "brincadeira" ou não, ela nunca saberia, pois o jovem estava morto. Pelo menos essa morte não estava na sua conta. Pelo menos essa não — pensava. Aquela morte era fruto de uma vontade desmedida de puni-la por ser diferente. E por quê?
Porque não se encaixava, porque era a estranha, porque só usava uma roupa, porque sua mãe era uma crente maluca, por tudo isso. Porque ela ousou aceitar ir à festa com o garoto mais bonito do colégio. Porque ousou querer ser feliz. Porque ousou não ter medo. Porque teve coragem de costurar um lindo vestido vermelho e ir à festa de queixo erguido, para comemorar ter sobrevivido àquele inferno chamado ensino médio.
Quando Carine percebeu, Lolis estava se inclinando para tocá-la, e já era tarde demais para desviar. Carine estava perdida nesses pensamentos. Não sabia ao certo quanto tempo ficou parada encarando a parede de samambaias atrás da detetive. Ela simplesmente havia se dissociado, desconectando-se da realidade ao seu redor. Lolis encostou levemente sua mão na dela, e logo aquela calma avassaladora a atingiu.
— Nunca, jamais, me promete, por favor, que você nunca vai pensar de novo que o que você fez foi o mesmo que estão planejando fazer aqui. Você foi uma vítima das circunstâncias. Esses caras só querem chamar atenção. Eles querem fazer uma demonstração de poder e masculinidade através da violência e da morte. Eles acreditam que a dor deles é mais importante que a de qualquer pessoa. Eles querem punir a todos, principalmente nós, mulheres. Pensa comigo, quem sofre mais do que as pessoas transsexuais nesse país? E, mesmo assim, não vemos um grupo de transsexuais planejando atentados. Vemos grupos de homens brancos, cisgêneros e héteros planejando atentados. Não é a mesma coisa.
— Entendo o que você diz, Lolis. Mas acho que isso não muda o que fiz — inclinou a cabeça e cochichou: — Matei do mesmo jeito.
— Não quer dizer que você vai fazer de novo ou perder o controle. Estarei com você e vou te ajudar a se acalmar e a controlar seus poderes. Eu sou dura na queda, Ginger, mas não sou à prova de balas. Meu poder não vai me ajudar dessa vez... Se eu chegar tarde demais... Não consigo impedir nada. Mas com você, tenho uma chance.
Carine precisava de um tempo para absorver tudo aquilo. Era demais. Puxou abruptamente sua mão do toque de Lolis e rapidamente se levantou, colocando um metro e meio de distância entre elas.
— Olha, foi ótimo te conhecer. Agradeço por ter me impedido de fazer uma merda mais cedo, porque eu estava prestes a perder o controle de novo, e você me ajudou. E é por isso mesmo que não posso te ajudar. Não posso confiar em mim mesma, não quando estou usando meus poderes. Você não entende... Eles despertam em mim sentimentos que não posso ter, são errados. Por isso, obrigada, mas não posso ajudar. Sei que você vai dar um jeito, você parece ser incrível, e eu não vou estragar isso.
— Ah, Ginger… Sinto muito mesmo que você pense assim. Se tem alguém que pode te entender, sou eu. Pelo menos pega o meu cartão caso mude de ideia. Foi um prazer te conhecer também.
*
Lolis se acomodou no banco da sua lambreta, observando atentamente a saída do motel, escondida por algumas árvores. Seu alvo era um empresário de meia-idade, o típico cara com terno caro e um sorriso superficial. Ela já o seguia há alguns dias. Seu cliente, a esposa do tal homem, tinha quase certeza de que estava sendo traída, e Lolis não precisou de muito esforço para confirmar. Lá estava ele, saindo do motel com sua secretária, clichê demais, os dois rindo como se não houvesse nada de errado no mundo. Lolis pegou a câmera, tirou algumas fotos rapidamente, sem nem precisar se esforçar muito.
— Sempre a mesma coisa — murmurou para si mesma enquanto o flash capturava mais uma imagem. O casal entrou no carro, a secretária ajeitando a blusa de maneira nervosa, e o homem checando o celular com a mão livre. Ela os observou por mais um instante, antes de desligar a câmera e guardar no compartimento da Vespa.
Ao longo dos anos, Lolis tinha visto incontáveis traições, segredos desmoronando e vidas duplas que se escondiam em lugares como aquele motel barato. Casos como esse não a surpreendiam mais, e mesmo assim, cada vez que tirava essas fotos, ela se pegava refletindo sobre a monotonia das relações.
"Por que as pessoas fazem isso?", ela pensava. Era sempre a mesma coisa: homens entediados com suas esposas ou simplesmente incapazes de serem honestos consigo mesmos. Muitos desses caras nem queriam terminar seus casamentos. Não era sobre não amar suas esposas, mas sobre o desejo por algo novo, algo diferente. Outros, no entanto, pareciam separar as mulheres em duas categorias — a esposa, a figura idealizada de uma parceira perfeita, e as "outras", aquelas que eles buscavam apenas para aventuras sexuais.
"Será que dá pra existir um tipo de relação que não precise disso?". Ela balançou a cabeça, desacreditando um pouco. Muitos desses homens agiam como se a vida fosse um fardo a ser suportado, como se estivessem constantemente buscando algo que nunca iriam encontrar. Eles não entendiam que a verdadeira aventura estava, talvez, em serem sinceros, em cultivar uma conexão profunda, em vez de procurar emoções passageiras em quartos de motel. Bom, mas quem ela era para julgar? Nunca tivera um relacionamento longo o suficiente para saber como seria…
E, enquanto seus pensamentos vagavam por esses dilemas, a imagem de Carine surgiu em sua mente. O rosto dela, com aquele jeito confiante e vulnerável ao mesmo tempo, a fez sorrir. "O que a Carine acharia disso tudo?" — Lolis se perguntou. Carine, com sua história de vida tão cheia de dor, de traumas e lutas, ainda acreditava em algo verdadeiro, algo que talvez transcendesse esse ciclo de mentiras e traições. E, ao mesmo tempo, Lolis sabia que Carine também carregava seus próprios medos, suas próprias dúvidas sobre o amor e a confiança.
Ela queria saber o que Carine pensava sobre esse assunto. Como ela via o amor, a lealdade? Será que ela conseguia entender o que se passava na cabeça desses homens? Ou será que, assim como Lolis, ela achava tudo aquilo patético, uma fuga tola da realidade?
Com um último suspiro, Lolis arrancou com a Vespa, se afastando do motel e dos segredos sujos que havia documentado. Mais uma missão cumprida. Agora, o que restava era entregar as fotos para a esposa traída e, quem sabe, depois, mandar uma mensagem para Carine.