Os Ancestrais eram os responsáveis por criar novos seres místicos e forjar os Feitiços Primordiais — tanto os permitidos quanto os proibidos. Mantinham a essência vital fluindo entre as dimensões, escreviam e guardavam os manuscritos, autorizavam travessias e julgavam os seres que erravam ou se corrompiam.
Davam poder.
Davam ordens.
Mantinham a harmonia e o equilíbrio em tudo que girava em torno da Dimensão Mística, da Luz e das Trevas.
A única dimensão sobre a qual não exerciam controle total era a Dimensão da Matéria.
Eles não dominavam — apenas interferiam quando o caos ameaçava a harmonia dimensional.
Criavam quando o ciclo exigia, registravam o saber, mantinham viva a essência que fluía entre os mundos.
Agiam apenas quando necessário — sem vaidade, sem imposição.
Quando os véus começaram a vibrar com mais intensidade, os Ancestrais souberam: era hora de proteger as travessias e preservar o equilíbrio entre as dimensões.
Foi então que, em silêncio profundo, envoltos pela bruma do espaço dimensional, os cinco Ancestrais uniram a essência humana com os cinco elementos — fogo, água, terra, ar e éter — para forjar os primeiros Guardiões.
Os originais.
Os primeiros de sua linhagem.
Não foram concebidos.
Nem escolhidos.
Foram criados.
Modelados a partir da centelha de cada elemento, receberam a magia ancestral e fragmentos puros da alma humana.
Sua missão era clara: manter o fluxo sutil entre as dimensões, preservar o equilíbrio dos véus e proteger os ciclos da travessia.
Cada Guardião foi designado a uma dimensão — e ali passou a cumprir seu propósito.
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Os Guardiões do Equilíbrio
E assim, os quatro primeiros Guardiões foram moldados — não como armas, mas como pontes entre os mundos.
Carregavam em si a centelha dos elementos, o eco da essência humana e a missão de manter o equilíbrio.
Cada um recebeu um Familiar mágico — criatura feita de pura conexão, destinada a protegê-los e lembrá-los de quem eram.
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Elira — A Guardiã da Dimensão Mística
A primeira a despertar entre os véus.
Pele âmbar-dourada, cabelos escuros com mechas flamejantes alaranjadas.
Seus olhos, verdes como jade líquida, com pupilas verticais, eram idênticos aos de sua Familiar: Nyara.
No instante de seu nascimento, Nyara também surgiu — invocada diretamente de sua essência.
Elas eram um só sopro dividido em dois corpos.
Tinha gravada em sua pele uma runa dourada de serpente, símbolo de seu elo eterno com Nyara.
Elira não treinava os renascidos.
Sua missão era resgatá-los e orientá-los, ao lado de Askar.
Conduzia-os da Dimensão da Matéria à Dimensão Mística e os ajudava a entender seus novos propósitos.
Era ela também quem concedia o “passe vibracional”, permitindo que escolhessem permanecer na Dimensão Mística ou transitar entre ela e a Dimensão da Matéria, sob a vigília de Askar.
Além disso, Elira possuía um dom supremo entre os Guardiões: a cura.
Feridos em batalhas — sejam familiares, guardiões ou seres místicos — eram levados até ela.
Com auxílio de Nyara, Elira restaurava o corpo e a essência, selando as fraturas da alma.
E, quando necessário, era também ela quem selava os seres que se corrompiam além dos limites — adormecendo suas essências para que fossem julgadas pelos Ancestrais.
Nyara era uma serpente alaranjada de escamas espessas e brilho ardente.
Tinha uma cabeça grande e triangulada, presas letais e uma presença que impunha respeito.
Silenciosa, vigilante, enrolava-se em torno de sua Guardiã como uma armadura viva.
E, sempre que necessário, fundia-se a ela — corpo e alma.
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Askar — O Guardião da Dimensão da Matéria
Firme como montanha. Intenso como lava sob a terra.
Cabelos ondulados, médios e desalinhados.
Pele morena-dourada, ombros largos, braços fortes e olhos âmbar com pupilas verticais.
Tinha gravada em sua pele a runa dourada de lobo, representando seu vínculo eterno com Arak.
Era ele quem resgatava os seres místicos renascidos e os treinava no domínio da luta.
Também era responsável por capturar seres corrompidos e entregá-los a Kaelith para julgamento.
Arak, seu Familiar, era um lobo de pelagem densa cinza-claro com reflexos prateados, olhos âmbar intensos e runas douradas que vibravam como ecos de uma magia ancestral.
Imponente, leal, silencioso como a neve, veloz como o vento.
Sempre atento às emoções do seu mestre, Arak sentia as mínimas alterações em sua essência.
E, sempre que necessário, fundia-se com Askar, tornando-se uma força selvagem e indomável.
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Lúmina — A Guardiã da Dimensão da Luz
A mais etérea. A mais enigmática.
Cabelos longos, cacheados, prateado-perolados com reflexos lilases.
Pele com brilho nacarado, olhos lilases com nuances azuladas e pupilas verticais.
Carregava em sua pele a runa dourada de unicórnio, elo com seu Familiar Eryel.
Ela era o elo entre os Guardiões e os Ancestrais.
Portadora da chave vibracional do Santuário da Primeira Chama, onde estavam selados os Feitiços Proibidos — feitiços antigos, instáveis, guardados em segredo.
Tinha acesso aos códices cósmicos e aos manuscritos da criação.
Eryel, seu Familiar, era um unicórnio de corpo cristalino, crina flutuante e chifre de luz sólida.
Serena, bela, silenciosa — era como um fragmento da própria Luz encarnado em forma viva.
Fundia-se a Lúmina em momentos em que o saber e o poder se entrelaçavam como um só feixe.
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Kaelith — O Guardião da Dimensão das Trevas
Sombrio. Intenso. Silencioso.
Cabelos negros lisos, pele bronzeada, corpo musculoso e olhos vermelho-escuros com pupilas como brasas vivas.
Gravada em sua pele, ardia a runa dourada de dragão, marca do vínculo eterno com Zhaerion.
Era ele quem recebia os seres místicos corrompidos capturados por Askar, definia seu destino e os confinava na Dimensão das Trevas.
Muitos eram exilados. Outros… apagados da existência pelos próprios Ancestrais.
Zhaerion, seu Familiar, era um dragão de escamas negras metálicas, colossal, com olhos em brasa.
Suas asas flamejantes varriam os céus como tempestade.
Juntos, fundiam-se quando o abismo exigia uma resposta à altura.
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Os Familiares
Cada Familiar nasceu no exato instante em que seu Guardião foi criado —
invocado diretamente da essência primordial de sua alma.
Não foram escolhidos.
Foram extraídos.
Forjados como extensão viva do Guardião, como fragmento daquilo que o definia em sua forma mais pura e indomada.
Não eram apenas companheiros:
Eram parte do próprio ser.
Mesmo separados por dimensões, Guardião e Familiar permaneciam entrelaçados por um vínculo que ultrapassava palavras.
Comunicavam-se por meio da essência — sensações, imagens, emoções, alertas silenciosos.
Se um estava em perigo, o outro sabia.
Se um chamava, o outro vinha — não importava a distância, o tempo ou a barreira.
Na Dimensão da Matéria, onde as formas mágicas podiam causar desequilíbrio ou espanto, os Familiares aprendiam a se camuflar.
Alguns se recolhiam à runa gravada no corpo do Guardião, como se adormecessem ali, em vigília constante.
Outros assumiam formas simbólicas — objetos encantados que permaneciam junto a seus mestres como amuletos sagrados:
• Nyara, a serpente de Elira, tornava-se o bracelete Nyelira — uma joia viva que vibrava com o toque da Guardiã.
• Eryel, o unicórnio de Lúmina, transformava-se em uma tiara perolada que repousava sobre sua fronte.
• Arak, o lobo de Askar, assumia a forma de um colar rúnico de couro, firme e discreto como seu mestre.
• Zhaerion, o dragão de Kaelith, tomava a forma de um anel de metal escuro com olhos de rubi — pulsando em brasa quando o caos se aproximava.
E, quando necessário, tomavam formas comuns para habitar o mundo humano sem serem notados:
• Nyara como uma serpente terrena de escamas alaranjadas;
• Arak como um cão grande e silencioso;
• Zhaerion como um corvo de penas metálicas e olhos rubros;
• Eryel como uma égua clara com olhos de névoa — encantadora, porém discreta.
Assim, entre sombras e disfarces, os Familiares caminhavam entre os mundos —
sempre ao lado de seus Guardiões,
sempre prontos para despertar quando o destino os chamasse.
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O Elo das Runas
Cada Guardião possuía gravada na pele uma runa dourada — símbolo místico de seu vínculo com o Familiar.
Essa runa também existia no Familiar, viva, pulsando com a mesma frequência.
A runa não era apenas um selo.
Era um elo.
Um pacto.
Um laço indestrutível entre o Guardião e sua criatura.
Se um Guardião fraquejasse, o Familiar adoecia.
Se o Familiar silenciasse, o Guardião sentia o vazio vibrar na alma.
Ambos sentiam a mesma dor. A mesma alegria. A mesma ausência.
E sempre que necessário, Guardião e Familiar podiam se fundir — tornando-se uma criatura única, poderosa e inquebrantável.
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Os Sentinelas
Dentro de sua dimensão, cada Guardião do Equilíbrio contava com a presença constante de seres leais: os Sentinelas.
Eram seres místicos — criados pelos Ancestrais nos ciclos antigos e despertos muito antes da criação dos Guardiões.
Quando chegou a hora, foram escolhidos entre os que mais ressoavam com a essência vibracional de cada Guardião.
Fadas de asas cristalinas, minotauros imponentes, harpias silenciosas, centauros com lanças encantadas, lobos rúnicos, felinos de olhos cintilantes, sereias que andavam sobre a terra, criaturas aladas… todas formas de magia viva reunidas por afinidade, não por imposição.
Cada Guardião atraía ao seu redor os seres com quem mais se identificava, formando verdadeiras comitivas leais.
Esses Sentinelas auxiliavam nas tarefas dentro das dimensões onde viviam, protegiam os pontos de travessia, conduziam mensagens e acompanhavam missões delicadas.
Eram também os olhos e ouvidos dos Guardiões na Dimensão da Matéria — atentos às vibrações, interferências e desequilíbrios que pudessem ameaçar o ciclo.
Possuíam liberdade para transitar entre todas as dimensões, embora muitos escolhessem permanecer próximos aos seus Guardiões a maior parte do tempo.
Sentiam antes mesmo de serem chamados.
Agiam antes mesmo de receber ordens.
Eram guias, mensageiros, protetores.
E, acima de tudo, eram presença constante.
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As Regras dos Guardiões
Apesar de todo o poder que carregavam, os Guardiões obedeciam a três regras invioláveis, impostas pelos Ancestrais:
1. Não podiam se apaixonar.
2. Não podiam gerar descendência.
3. Jamais poderiam eliminar outros seres místicos.
A única exceção ao juízo final recaía sobre os Ancestrais — únicos capazes de criar ou eliminar uma existência.
Transgredir qualquer uma dessas leis tinha um preço.
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Quatro Guardiões. Quatro Familiares.
Quatro Dimensões conectadas por um laço que vibrava com a ordem, a magia e o mistério